"O fim da vida de regalias proporcionada pelo jogo do bicho."
A dura realidade que nasceu
de uma utopia.
Capítulo 1 - Campos dos Goytacazes, estamos em 28 de fevereiro de 1986. Nessa época o país enfrentava uma de suas piores crises, mais de 50 milhões de brasileiros sofriam o drama da fome, da desnutrição, da falta de moradia e mínimas condições de saúde.
Capítulo 1 - Campos dos Goytacazes, estamos em 28 de fevereiro de 1986. Nessa época o país enfrentava uma de suas piores crises, mais de 50 milhões de brasileiros sofriam o drama da fome, da desnutrição, da falta de moradia e mínimas condições de saúde.
O tempo de bonança chegaria
ao fim e como num piscar de olhos aquela bela instituição constituída, a
família, acabou, desmoronou, e o pobre rapaz aprendeu que a vida não era
aquele mar de rosas vivido durante tantos anos, parecia assim traçado o destino
dele que chamava-se Nilson.
Estava ele com doze anos,
estudava numa escola particular prestes a terminar seu ginásio. Quando recebeu
uma notícia que mudou sua vida; sua mãe definitivamente resolveu abandonar seu
lar.
Bastou um descuido de seu
pai, e pegou toda mobília e zarpou. Tratou com o senhor Belário um carroceiro
que trabalhava num porto naquele bairro.
Nilson desesperado, bom, a
essa altura possuía dois irmãos Neilton e Neilson, e não poderia nem pensar em
abandonar sua mãe, o colégio, e a vida de regalias que tinha com
seu pai, que era gerente de uma banca de jogo do bicho, embora
ilegal gerava muito capital e tranquilidade para todos.
Mas estava
decidido e não tinha volta, teria que ir, falava consigo.
-
Nilson, já arrumou suas coisas?
- Estou quase terminando.
- Ande meu
filho, ajude seus irmãos, tem muito o que fazer.
Nilson
correu para ajudar.
Mas como nosso maior
rival é o tempo, e as horas galopavam, havia chegado o Sr.
Belário. Aproximadamente duas horas e meia, estavam naquela que seria sua
nova residência, ficava num bairro pobre conhecido como Parque São Jorge, ali
agrupavam-se pessoas curiosas para conhecer os novos vizinhos.
Era de costume no meio comunitário à
prática do que se diz política da boa vizinhança. Todos ajudaram Sr. Antônio, Irineu, Cristóvão, Maria, Gilsélia e mais
alguns curiosos.
Nilson esperou terminar a
mudança e perguntou:
- Cristóvão quem é esta gata? Será que
tem namorado?
- Adivinhe! Sorriu e com um gesto
respondeu: não.
-
Rapaz confesso que foi paixão a primeira vista.
-
Pois é, vamos ver quem consegue namorá-la?
-
Deixa disso, você também está apaixonado?
-
Não só eu, como todo o bairro disputa seu coração.
-
Sei de uma coisa, cheguei entrei na luta e já venci.
-
Boa sorte, agora vou embora pois ultrapassa às 22h e minha mãe aguarda
preocupada minha chegada, sabe como é o costume nesta cidade não recolhem-se
enquanto seus filhos estão na rua.
-
Valeu, muito obrigado.
- Por
nada, tchau!
Muito
seguro, Nilson pensou, pensou e pensou...
Quando surgiu uma idéia...vou á
casa da bela Gilsélia, que encantou-me com seus olhos azuis e alvo sorriso,
apesar de taciturna.
Amanheceu e dona Rosa, sacudiu a
roseira e disse:
- Nilson vá até à padaria, e não
se esqueça bem moreninho tá.
- Está bem, estou indo.
Com aquela preguiça típica de quem
acaba de acordar estava caminhado quando de repente escutei.
- Bom dia! Dormiu bem?
Tamanho foi minha surpresa ao ouvir
aquela voz que as batidas do meu pobre e novo coração dobraram, triplicaram...
Demorei alguns
segundos e com um belo sorriso de quem esboçava felicidade respondi:
- Acabou de ficar bom.
Gilsélia envermelhou-se com tanta
adulação, mas agradeceu.
- Obrigada. Não sou digna de tanta
honra Nilson.
- Que isso, apenas proferi a verdade
nada além.
Ora sabia que adolescentes
adoravam elogios.
Sem esperar quando passeávamos em rumo
ao nosso destino, preparava minha cama, quando escutamos:
- HUM!HUMRRUM! Caíram da cama. Bom dia,
amigos!
- Oí,
Cristóvão estamos indo à padaria, que conscidência. Estava indo lhe
chamar.
Juro que segurei-me, para não
apresentar afinco o quanto estava irado por aparecer justo na hora que
balbuciava meus sentimentos para Gilsélia.
Chegamos á padaria. Sr Fernando
perguntou :
- Pois, pois que vão querer?
- Por
favor, dez pãezinhos bem moreninho ,um litro de leite e duzentos gramas de
presunto.
Percebi logo que era português! Quase
pedi carne, mas não podia deixar uma má impressão justo no primeiro dia, pois
como dito popular, a primeira impressão é a que fica. Todos completaram seus pedidos, pagaram, agradeceram e
partiram. Chegando em casa sua mãe terminara de coar o café, e iniciou uma
conversa com Nilson.
-
Meu filho: as cousas estão quase normalizadas, porém tenho uma grande
preocupação, diz respeito ao nosso padrão de vida.
Como enfermeira terei
que trabalhar além do Hospital em vários particulares. Tudo para que não falte
nada nesta casa, sabe que seus irmãos são pequenos e terei que contar com você.
Por isso neste momento seus estudos serão interrompidos...
Ao acabar de falar não
pode conter suas lágrimas.
Também começei a chorar,
porém consolei-a e disse: isso é uma fase, e abrandou afirmando.
Lembre-se, escreveu o salmista, e não
importava porquê. Mas era certo que: “O
choro pode durar uma noite, mas certamente o jubilo virá ao amanhecer”, e com
estas palavras confortou sua mãe, secou-lhe as lágrimas e sorriu...
Não percam o próximo capítulo...
Capítulo 2 - A utopia do serviço militar.
Capítulo 3 - O fracassado relacionamento amoroso do militar.
Autor
Washington Luiz.
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