Obsessão Secreta: Uma Teia de Estupidez

Obsessão Secreta: Uma Teia de Estupidez
Não é todo dia que nos deparamos com uma obra cinematográfica tão ousadamente estúpida que faz questão de revelar sua própria falta de inteligência no título. Em "Obsessão Secreta," a estupidez não é apenas um acidente de percurso, mas uma jornada sem fim pelos corredores tortuosos da inépcia cinematográfica.

A trama, ou melhor, a tentativa desesperada de construir uma trama, gira em torno de Jennifer, interpretada por Brenda Song, que sofre um acidente que convenientemente apaga suas memórias cruciais. Aqui, a originalidade dá lugar à previsibilidade, e a narrativa parece mais uma corrida desenfreada em direção ao absurdo do que um mergulho na complexidade das relações. O diretor Peter Sullivan, aparentemente um novato em nuances cinematográficas, nos presenteia com uma pérola que mais parece um experimento de um estudante de cinema no primeiro período.

A estupidez, no entanto, não é exclusividade do enredo, mas se estende à execução. Sullivan e seu co-roteirista Kraig Wenman não economizam em clichês, transformando o filme em uma paródia involuntária do thriller psicológico. Em um esforço notável para incrementar a seriedade dos acontecimentos, a dupla entrega um espetáculo de amadorismo generalizado, como se estivessem competindo para ver quem cometeria mais erros flagrantes.

A previsibilidade atinge seu ápice quando somos apresentados a um detetive, interpretado por Dennis Haysbert, que, embora comprometido com seu papel, é incapaz de injetar profundidade em um personagem tão raso quanto uma poça d'água. Brenda Song, por sua vez, é relegada ao papel de uma protagonista sem personalidade, um mero avatar do clichê da "mulher em perigo." Mike Vogel, que interpreta o marido de Jennifer, não consegue transmitir a urgência que seu papel exige, perdendo-se na superficialidade de uma atuação pouco convincente.

O roteiro, repleto de cenas questionáveis, parece ter sido costurado por um cineasta que confunde imprevisibilidade com incoerência. Os eventos se desenrolam sem lógica aparente, deixando o espectador perplexo diante das escolhas absurdas dos personagens. A mistura de thriller psicológico com investigativo é mais uma tentativa desajeitada de adicionar complexidade à trama, mas acaba resultando em deduções aleatórias em vez de uma progressão inteligente.

O desfecho, longe de salvar a obra da mediocridade, apenas confirma sua falta de originalidade. Os segundos finais, ao invés de fornecerem uma conclusão satisfatória, parecem ter sido trocados por uma centena de alternativas igualmente insossas. A protagonista, se agisse como um ser humano real, estaria imersa em um abismo de depressão, em completo contraste com a tentativa do filme de manter uma pretensa gravidade.

"Obsessão Secreta" não é apenas um exemplo de cinema trash, mas também um reflexo da obsessão da Netflix por encher seu catálogo com produções genéricas. Este filme, que poderia facilmente se esconder nas sombras de uma locadora, alcança visibilidade apenas graças à plataforma de streaming, revelando que a obsessão da empresa não é nada secreta. Uma experiência cinematográfica que deixa os espectadores não com a sensação de suspense, mas com a pergunta persistente: por que, afinal, perdemos tempo com essa pérola da estupidez cinematográfica?

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