Corpos na Netflix: Uma Crítica Detalhada - Entre a Promessa e a Confusão Temporal
A trama, distribuída entre Londres em 1890, 1941, 2023 e 2053, tece uma teia temporal ao redor de um corpo nu, como se o próprio tempo estivesse jogando um jogo macabro de esconde-esconde. Um corpo perfurado nos olhos, uma tatuagem enigmática no braço - cada época conectada por esse mistério, onde detetives desempenham papéis cruciais na alteração de destinos distópicos.
Entretanto, antes que essas linhas temporais se entrelacem, somos deixados com uma confusão de pontas soltas, um quebra-cabeça que só encontra sua resolução no quinto episódio, a tão esperada chave de virada. O caminho até lá, no entanto, é uma jornada tortuosa através de episódios lentos e tediosos.
É somente no quinto episódio que a série encontra seu ritmo, revelando o homem misterioso que se torna a peça central desse quebra-cabeça temporal. No entanto, até o desfecho, somos confrontados com momentos cansativos, e a conexão tardia das pontas soltas não é suficiente para criar empatia pelos personagens.
Mesmo o romance gay, apesar da beleza e química do casal, parece inserido de forma superficial, perdendo a oportunidade de aprofundar o debate sobre homofobia. O antissemitismo é negligenciado, e a série, em seu afã de oferecer frases impactantes, esquece de costurar as tramas de maneira coesa.
Não culpo o caloroso elenco, que entrega performances sólidas. O cerne do problema reside na trama que, desajeitadamente, não desenvolve os personagens e em uma montagem que se torna um labirinto intelectual, mas que, na prática, se revela confusa e arrastada.
Em suma, "Corpos" me decepcionou levemente. Um potencial não totalmente explorado, uma promessa que se perde na dança tumultuada das linhas temporais. Apesar disso, há méritos na bela fotografia que destaca cada época, uma luz em meio à obscuridade narrativa.
Comentários
Postar um comentário
Não divulgamos links.Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Momento Verdadeiro.