Insetos na alimentação humana: benefícios, riscos e regulamentação
Insetos como contaminantes
Muitas vezes, encontramos insetos em alimentos que foram mal armazenados ou deixados ao ar livre. Esses insetos podem causar repulsa e nojo, mas também podem representar um risco para a saúde. Isso porque os insetos podem transportar micróbios que causam doenças, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Alguns exemplos de doenças transmitidas por insetos são:
Salmonelose: causada por bactérias do gênero Salmonella, que podem ser encontradas em moscas domésticas e baratas que entram em contato com alimentos contaminados por fezes de animais ou humanos.
Leptospirose: causada por bactérias do gênero Leptospira, que podem ser transmitidas por roedores e seus ectoparasitas, como pulgas e carrapatos.
Triquinose: causada por parasitas do gênero Trichinella, que podem ser ingeridos ao comer carne de porco ou de animais selvagens infectados por larvas presentes em moscas ou besouros.
Para evitar esses e outros riscos, é importante seguir algumas medidas de prevenção, como:
Armazenar os alimentos em recipientes fechados e limpos, longe de fontes de umidade e calor.
Descartar os alimentos que apresentem sinais de deterioração ou infestação por insetos.
Lavar bem as frutas e verduras antes de consumir ou cozinhar.
Cozinhar bem os alimentos de origem animal, especialmente carne de porco e caça.
Manter a higiene pessoal e do ambiente onde os alimentos são preparados e consumidos.
Atenção! Apesar de muitos insetos serem inofensivos, é importante lembrar que nem todos os insetos são seguros para consumo humano. Algumas infestações de insetos podem ser um risco à saúde e causar doenças. Portanto, é sempre melhor tomar medidas para evitar insetos em seus alimentos e descartar a porção afetada se você encontrar um inseto em sua comida.
Insetos como ingredientes
Por outro lado, existem muitas culturas que consomem insetos de forma intencional e tradicional, como fonte de alimento e renda. Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo comam mais de 2 mil espécies de insetos. Alguns exemplos de insetos comestíveis são:
Grilos: ricos em proteína, ferro, zinco e cálcio.
Larvas de farinha: ricas em proteína, gordura insaturada e fibra.
Gafanhotos: ricos em proteína, vitamina B12 e ácidos graxos ômega-3.
Formigas: ricas em proteína, vitamina C e antioxidantes.
Os insetos comestíveis podem oferecer benefícios nutricionais e ambientais, como:
Diversificar a dieta e melhorar a segurança alimentar das populações carentes ou vulneráveis.
Reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o uso de terra e água em comparação com outros animais produtores de carne .
Aproveitar os resíduos orgânicos como substrato para a criação de insetos.
No entanto, os insetos comestíveis também podem apresentar alguns riscos para a saúde, como:
Alergias: as pessoas que são alérgicas a crustáceos ou ácaros podem ter reações cruzadas ao comer insetos, pois eles compartilham algumas proteínas alergênicas.
Contaminantes químicos: os insetos podem acumular metais pesados, pesticidas ou antibióticos presentes no substrato ou no ambiente onde são criados ou coletados. Essas substâncias podem ser prejudiciais para a saúde humana se consumidas em excesso ou por longos períodos.
Insetos como regulamentação
Para que os insetos possam ser comercializados como alimento na União Europeia, eles devem passar por um processo de autorização como novos alimentos. Isso significa que eles devem demonstrar que são seguros para o consumo humano e que não foram consumidos em grande escala na UE antes de 15 de maio de 1997. Até o momento (Q1 2023), seis autorizações de novos alimentos entraram em vigor para insetos comestíveis:
- Larva de farinha amarela (Tenebrio molitor): seca, congelada e em pó.
- Grilo doméstico (Acheta domesticus): seco, moído, congelado e parcialmente desengordurado.
- Gafanhoto migratório (Locusta migratoria): seco e congelado.
- Cascudinho (Alphitobius diaperinus): congelado e liofilizado.
Essas autorizações permitem que os insetos sejam usados como ingredientes em alimentos processados ou vendidos inteiros para consumo direto. Os produtos que contêm insetos devem ser rotulados de acordo com as normas da UE, informando o nome científico e comum do inseto, a parte do inseto utilizada e a presença de alérgenos potenciais.
Em outros países fora da UE, a regulamentação dos insetos como alimento pode variar. Nos Estados Unidos, não há uma legislação específica sobre insetos comestíveis, mas eles devem seguir as mesmas regras de segurança e rotulagem que outros alimentos. Na Austrália, os insetos são considerados alimentos novos e devem ser aprovados pela Autoridade Australiana de Segurança Alimentar. Na Tailândia, os insetos são reconhecidos como alimentos tradicionais e estão sujeitos a padrões de qualidade e higiene.
Portanto, antes de consumir ou comercializar insetos como alimento, é importante verificar as normas e regulamentos do país onde você está. Assim, você pode garantir a sua saúde e a dos seus clientes.
Consumo de insetos no Brasil, confira alguns dados interessantes:
No Brasil, existem 135 espécies de insetos comestíveis e os mais consumidos são as formigas (63%), seguidos dos besouros (16%) e gafanhotos e grilos (7%). O consumo varia de acordo com as culturas regionais.
O Brasil é um dos países que mais produz e exporta insetos para alimentação animal e humana. Em 2020, o país exportou cerca de 1.500 toneladas de insetos, principalmente para a Europa e a Ásia.
O Brasil ainda não tem uma legislação específica sobre insetos comestíveis, mas eles devem seguir as mesmas regras de segurança e rotulagem que outros alimentos. Além disso, eles devem ser autorizados pela Anvisa como novos alimentos, assim como na União Europeia.
Conclusão
Neste post, vimos que os insetos podem ser tanto contaminantes quanto ingredientes dos alimentos. Dependendo da espécie, do método de produção e de processamento, eles podem oferecer benefícios ou riscos para a saúde. Por isso, é importante seguir as normas de segurança alimentar e de rotulagem dos países onde os insetos são consumidos ou comercializados.
E você, o que acha dos insetos na comida? Você já experimentou ou tem vontade de experimentar? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este post nas suas redes sociais. Se você gostou deste conteúdo e quer apoiar o nosso trabalho, faça uma doação para momentoverdadeiro@gmail.com via pix. Obrigado pela sua atenção e até a próxima!
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