Vida Louca de Anônimo | Parte 3

Olá! Se você ainda não conhece Vida Louca de Anônimo sugiro que faça a leitura da Parte 1 e Parte 2 antes de ler a Parte 3. Não é por causa da sequência, mas para melhor entendimento. Se você já leu, muito obrigado. Se prepare porque este será um episódio será bem intenso, dramático e com um desfecho inesperado.

Difícil de esquecer

Alguns anos depois ... Eu ainda era muito jovem. A vida seguia normalmente. Eu estudava de manhã e fazia curso profissionalizante a tarde. Sim! É verdade que eu tive algumas paixões não correspondidas neste período. Mas o que eu vou revelar agora pode te assustar ou lhe causar um sentimento de revolta. Todavia sinto-me obrigado a compartilhar isso, pois hoje entendo que se trata de algo que não aconteceu só comigo. Infelizmente, acontece muito. No entanto, poucos tem coragem de contar. Eu mesmo nunca tive coragem de contar isso para ninguém. 

Era um dia de semana, não lembro exatamente, mas acho que era uma terça-feira. Eu e meus amiguinhos costumávamos brincar na rua, mas sempre perto de casa. Naquele dia brincávamos de um jogo tipo pique esconde em que vencia quem conseguia retornar ao ponto inicial sem ser visto. Um vizinho me chamou e disse que podia me esconder na casa dele. Fui muito inocente, mas eu conhecia ele. Não tinha nenhum motivo para pensar que havia alguma maldade na mente dele. Lembro-me que estava anoitecendo. Ele abriu o portão e eu rapidamente entrei. Ele fechou o portão. Olhou por cima do muro e disse que os meninos estavam voltando e apontou para a porta da casa dele. Como o portão era aberto, eu imaginei que os meninos iam me achar ali e então corri para me esconder atrás da porta e fiquei esperando ele me avisar que meus amigos já tinham passado e assim eu poderia correr para o ponto onde começou a brincadeira e ganhar o jogo. Só pensei nisso! 

Difícil de esquecer. Ele era alto e forte. Poucos minutos após eu entrar, ele também entrou e fechou a porta. Fiquei desesperado. Pensei em gritar, mas ele colocou a mão na minha boca e disse que se eu gritasse seria pior. Perguntou se podia soltar a mão e eu balancei a cabeça positivamente. Então, ele disse que não ia demorar. Era só eu fazer o que ele ia me pedir que ficaria tudo bem. Nesse momento, ele parecia dominado apenas pela vontade carnal e me obrigou a saciar seus desejos insanos. Sem escolha e com medo, eu obedeci. Depois, eu me senti sujo e com vontade de chorar. Ele pegou um papel que estava em cima da mesa e me deu para limpar o rosto. 

Por fim, antes de me liberar, disse que eu não poderia contar isso para ninguém. Se eu contasse, ia ficar com uma fama indesejada. Eu não queria ter esse rótulo. Naquele dia, meu amigo e minha amiga, eu vive um dos piores momentos da minha vida. Porém, na manhã do dia seguinte, acordei com um barulho de sirenes e vizinhos chorando. Vi meus pais conversando com a vizinha que morava ao lado da casa dele. E fiquei sabendo que ele morreu sufocado, sozinho e não tinha conseguido pedir socorro. Todos estavam muito tristes. Eu, não! 

Pois é! Ele morreu, acabou. Mas eu tive que carregar esse segredo comigo por seis décadas. Sei que eu poderia levar esse segredo para o tumulo, no entanto, nesse momento, milhares de jovens podem está passando pela mesma situação que eu passei. Ainda tenho vergonha disso tudo. Quando finalizo este episódio, não consigo segurar as lágrimas. Mas quero deixar uma mensagem para qualquer pessoa que seja vítima deste tipo abuso. Não guarde! Denuncie! Isso é crime. 

Já respirei profundamente. Pensei em desistir de escrever. Mas ainda há muito o que contar e por  respeito a você que está acompanhando a Vida Louca de Anônimo continuarei narrando detalhadamente minhas experiências. Aguarde os próximos episódios! 

ATENÇÃO! Com uma narrativa despojada, Vida louca de Anônimo é apenas uma série de contos. Sendo assim, tudo que você estiver lendo aqui é apenas uma obra de literatura contemporâneo.


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