Indústria da Carne sofre com alta nos preços e pode estimular mudança de hábitos alimentares.

Indústria da Carne sofre com alta nos preços e pode estimular mudança de hábitos alimentares 
Com a carne brasileira mais competitiva no exterior e mais cara por aqui, alternativas devem ser exploradas

O preço atual da carne já é o mais caro em 30 anos. Desde setembro, o consumidor sente no bolso os 50% a mais no valor do produto. E as expectativas não são animadoras. A previsão é de, no mínimo, 4 meses para que os preços comecem a cair.

Feijoada, churrasco, picadinho, baião de dois e outros pratos tradicionais tendem a ficar mais distantes da mesa do brasileiro. Ou seja, as comidas livres de sofrimento animal, estarão mais acessíveis, graças à dispensa da carne.

De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) o aumento na exportação da nossa mercadoria para a China deixa o Brasil desabastecido. Isso porque a criação de porcos do país asiático está em crise devido à peste africana, o que fez 40% dos animais serem abatidos. 

Com a alta do dólar, nosso preço se torna mais competitivo não só para a China, mas para todo o mercado externo, diminuído a oferta aqui.
Todos esses fatores refletem no consumo do brasileiro, que terá de desembolsar muito mais para ter o produto em casa, principalmente em época de festas de fim de ano, quando a procura pela carne aumenta consideravelmente.

Engana-se quem pensa em usar o frango como substituto. Com a inflação da carne vermelha, frango e peixe passam a ter uma alta procura. Como isso, o reajuste de seus preços é inevitável.

Para driblar o problema, a alternativa é usar a criatividade e repensar no cardápio da ceia. O tradicional peru, tender ou chester ficam de fora e entram risotos, cuscuz, tortas, massas e assados, tudo à base de vegetais, legumes, oleaginosas e cogumelos. 

Mercado vegetariano em alta

De acordo com o Instituto Ibope, 14% da população não consomem produtos de origem animal. A pesquisa revela um crescimento de 75% de adeptos a esse estilo de vida, desde 2012. São 30 milhões de brasileiros vegetarianos ou veganos.

Se tem um mercado crescendo e se estruturando é o de produtos vegetarianos e veganos. De olho nessa tendência, há cada vez mais opções surgindo para atender essa nova demanda. 

Quem adere a esse estilo de vida o faz por diversos motivos: uns pelo desejo de se alimentar melhor, explorando outros ingredientes e sabores, e outros por visão política, que transcende ao hábito alimentar. Isso porque outros setores, como a indústria cosmética e têxtil, fazem uso de recursos animais, seja pelos testes ou por ingredientes que fazem parte da composição de produtos.

Alternativas à  carne

Os brasileiros terão de reinventar seus hábitos alimentares e encontrar soluções que substituam a carne se não quiserem sentir o impacto em seu orçamento.

Tal mudança não será fácil para uma grande fatia dos consumidores, não somente pelo costume de comer carne, mas pelo desconhecimento sobre esse novo ambiente.

Muitas pessoas consideram a dieta vegetariana incompleta. Por ter uma quantidade grande de proteína e vitaminas, a carne é vista como principal fonte de nutrientes. Mas não é isso que especialistas afirmam.

A nutricionista Fernanda Magalhães conta que há muitas opções para substituir a proteína animal. “A falta de educação alimentar cria mitos sobre certos tipos de dietas. Por isso que tantas pessoas fazem dietas radicais, sem se dar conta do prejuízo à saúde. Temos um mundo de possibilidades para preparar refeições nutritivas e sem ônus ao sabor.”

O mercado se deu conta da mudança e, por isso, investe em produtos diferenciados para agradar o novo público. “Temos grão-de-bico, ervilha, soja e muitas outras fontes de proteína. Hoje em dia, é fácil encontrar sites de receitas que utilizam esses ingredientes de forma criativa e gostosa. O modo de preparo também é uma barreira para quem quer começar um novo hábito, mas ninguém aprende da noite para o dia, é um processo. A dica é se atentar às prateleiras e descobrir novos sabores”, afirma a nutricionista.

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