Sérgio Ricardo de Almeida: “A classe política brasileira é informal, atrasada e conservadora”.
Em um artigo publicado no portal Jota, o presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Ricardo de Almeida, teve palavras duras para com a atuação da classe política nacional relativamente aos jogos de cassino. Almeida esteve presente na XXI Mesa Redonda de Reguladores de Cassinos na América Latina e no Caribe, que aconteceu no Peru, onde se encontrou com responsáveis dos principais países da região. Naturalmente, vindo de um país onde os jogos de azar são proibidos, Sérgio de Almeida parecia quase o flamenguista em um encontro de torcedores do Vasco, ou o contrário: apetecia quase dizer que ele nem pertencia ali.
“Não consegui responder”
Em seu artigo, Almeida declarou não conseguir responder quando perguntado por que motivo o Brasil não regula a atividade do jogo, uma vez que a oferta não para de aumentar, em termos de jogo informal. O responsável fluminense aponta que outros países estão já discutindo a regulação dos jogos virtuais e a utilização de criptomoeda (como Bitcoin), enquanto no Brasil nem sequer a legalização consegue ser votada.
De resto, no momento atual qualquer cidadão pode, fazendo uma busca por “Cassinos Brazil”, encontrar as mais diversas opções de cassinos online, podendo jogar sem qualquer limite ou regulação – uma vez que as empresas dos maiores cassinos na internet estão baseadas em países estrangeiros.
No mais, nem parece ser uma questão política, pois vários países com governos conservadores, como o Chile, vêm regulando com sucesso a atividade. Trata-se de criar leis e fazer aplicar a força da autoridade, tratando o fenômeno do jogo como qualquer outro e não como um crime à solta.
A questão das apostas esportivas
Sérgio Ricardo de Almeida destaca o fenômeno das apostas esportivas que vem crescendo em diversos países, nomeadamente nos Estados Unidos. Com as devidas limitações, os Estados Unidos têm no estado de New Jersey seu principal “motor” no campo das apostas, gerando 3,8 milhões de dólares só em julho de 2018. Almeida apela a que o mesmo seja feito no Rio de Janeiro, e que as apostas esportivas permitam gerar receita fiscal e empregos em nosso país, e não no exterior como acontece agora.
O exemplo de Portugal
O presidente da loteria fluminense falou ainda do exemplo de Portugal, onde os cassinos nunca foram proibidos (e isso apesar de seu regime conservador que se prolongou durante a maior parte do século XX) e são mais de 10 em todo o país, especialmente em zonas turísticas. Os cassinos vêm sendo uma das âncoras do super desenvolvimento turístico que o “país irmão” vem conhecendo, e o governo regulou os jogos online em 2015 precisamente para contrariar a ofensiva que o mercado vinha conhecendo por parte de empresas estrangeiras.
Almeida deixa um apelo final: “vamos virar o jogo” e permitir que os jogos de azar se transformem em uma ferramenta ao serviço da economia brasileira. Será que o próximo presidente da República vai tomar alguma decisão clara nessa matéria?
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