País vive crise política com efeitos na economia, afirma Afif Domingos.

O ministro-chefe da Secretaria da Micro Empresa, Guilherme Afif Domingos, disse perceber uma tendência de acomodação dos ânimos exaltados que deram espaço à crise política no país, e que está causando reflexos indesejados na economia. Ele não acredita que os movimentos que pedem a saída da presidenta Dilma Rousseff vão ser bem-sucedidos porque as “forças estão fracas” e que somente ela, institucionalmente eleita, poderá levar o Brasil em condições de fazer uma “grande mudança” em 2018, que na sua opinião, culminará com uma “profunda renovação”.
Em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil, o ministro respondeu a perguntas dos jornalistas sobre a dualidade PT-PSDB. “Este espetáculo deprimente, que é esta briguinha política que está acontecendo. Um puxar o tapete, negando suas próprias convicções, só para ferrar o outro, isso vai passar para a sociedade. Ainda estão achando que o movimento do dia 16 vai consagrar [esse processo]. Não vai acontecer”, disse, em referência aos protestos contra o governo federal marcados em várias cidades brasileiras para o próximo domingo.


“Não vai acontecer nada, não vão derrubar Dilma porque acho que forças estão fracas. Ou seja, quando você olha quem vai substituir, melhor deixar ela lá mesmo. Hoje esta conclusão está clara. Ela é institucionalmente eleita. Ela, queira ou não queira, é um pilar”, disse.

Para Afif Domingos, o país ainda vive o “auge da inflamação” e, no diálogo com a Câmara dos Deputados, ainda vão surgir pontes que evitem um rompimento. “Nós estamos vivendo uma crise política com reflexos na economia e que logicamente se alimentam”. Segundo o ministro,  a crise econômica se agrava em função da falta de solução política. “Todos hoje já falam que o problema é político, porque o econômico tem solução. É só você tomar as providências necessárias”.

Ao ser perguntado sobre nomes que poderiam surgir para construir essas pontes, Afif Domingos evitou mencionar pessoas, mas disse que será um conjunto de todos os partidos. “O próprio PSDB está percebendo que está perdendo terreno negando sua proposta e sua origem. Portanto eu acho que o bom senso prevalece”.

De acordo com o ministro, a presidenta tem a característica de estar distante do “drama petista”. “O PT vive num grande drama da crise do partido, que ela não é parte integrante desta crise. O PT vai ter que lamber feridas e curtir sua crise, e que o faça porque é um partido importante para a história do Brasil. Ela [Dilma] é figura ideal [para conduzir esse processo], porque ela também não é candidata a nada. Qual é o futuro que ela deseja? Ela não tem projeto, não tem ambição política”, disse.

Uber

O ministro também defendeu que o governo não regulamente de imediato serviços que estão sendo ofertados atualmente por meio da internet, como o aplicativo Uber, que oferece transporte remunerado, e o site Airbnb, que estimula o aluguel de imóveis.

Segundo o ministro, às vezes é melhor “desregulamentar” e deixar que esses processos ocorrem livremente para que funcionem. “Temos que deixar acontecer, deixar livre porque a liberdade vem da criatividade. Precisamos hoje de coisas criativas, principalmente no mundo digital onde quem viaja são os dados não as pessoas”. 

“O Uber, eu acho que é uma ferramenta fundamental e que não gostaria que nenhum governo nem administrador tentasse regulamentar, até para ver o que vai acontecer em termos de acomodações de mercado. Porque acho que isso vai levar à melhoria do sistema de táxis no Brasil. Se você está tomando uma concorrência você tem que melhorar, tem que talvez desregulamentar, desonerar o taxista para que ele possa concorrer com o sistema que é eficiente. Portanto toda intervenção acaba sendo nefasta”, disse.

O programa Espaço Público vai ao ar todas as terças-feiras, às 22h, na TV Brasil. É apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior. Na edição dessa terça-feira, teve a presença da jornalista Eliane Oliveira, do jornal O Globo.

(Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil).

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