Nem tudo é o que parece.
Nem tudo é o que parece. O Juca era meu amigo do peito. Ele sempre esteve do meu lado. Eu também nunca deixei de apoiá-lo. Nós compartilhávamos o mesmo sonho — ser aprovado no concurso público para auditor fiscal da Receita Federal.
Um belo dia, Juca me ligou bem cedo, era de madrugada, por volta das 4h, com uma voz de quem estava chorando, que tinha algo muito importante para me falar. Fiquei paralisado por alguns instantes, não sei como explicar, mas escutava as batidas do coração de Juca. Nem esperei ele terminar de falar, imaginando que tinha acontecido algo grave, que o amigo tivesse perdido um ente querido, imediatamente pulei da cama, entrei no carro, e fui à casa dele.
Chegando lá, sua mãe me recebeu espantada, afinal era 4h15m. Ela pensou que tivesse acontecido algo com minha mãe, que sofre com pressão alta e diabetes. Tratei de tranquilizar a mãe do Juca, foi quando ele desceu as escadas dizendo que estava tudo bem. Foi um alívio. Graças a Deus não tinha acontecido nenhuma tragédia. Juca me disse que tinha aceitado Jesus. Meu melhor amigo queria dizer que resolveu me ligar de madrugada para terminar nossa amizade porque ele não poderia mais viver com pessoas do mundo. Pelas circunstâncias, confesso que demorei a entender. Pensei...Como assim? Será que ele está falando de Jesus, o Salvador, o Filho de Deus, que deu sua vida por nós, que não faz acepção de pessoas, que comia com pecadores, que perdoa nossos pecados..."Bolei... fiquei boladasso!!!" - ( "bolado" é uma gíria usada em algumas comunidades do Rio do Janeiro que expressa preocupação, irritação, indignação...). Ele tentou explicar, mas não justificou. Retornei para casa e a partir daquele dia resolvi que nunca mais voltaria a procurar o Juca.
Alguns anos se passaram... Minha vida mudou. Terminei a faculdade, fui aprovado no concurso público para auditor fiscal da Receita Federal.
Certo dia, fui designado para acompanhar um caso envolvendo um líder religioso que foi preso tentando deixar o país com duas malas de dinheiro. O montante apreendido seria doações dos fiéis. Quando cheguei ao local, pasmem! O suspeito era Juca. Quando me viu, ele demonstrou surpresa, e me cumprimentou como nos velhos tempos. Mas, nem tudo é o que parece, e logo me lembrei que Juca preferiu não ter amigos no mundo.
Leia também: Menino do Rio
(Washington Luiz, escritor e jornalista).
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Um belo dia, Juca me ligou bem cedo, era de madrugada, por volta das 4h, com uma voz de quem estava chorando, que tinha algo muito importante para me falar. Fiquei paralisado por alguns instantes, não sei como explicar, mas escutava as batidas do coração de Juca. Nem esperei ele terminar de falar, imaginando que tinha acontecido algo grave, que o amigo tivesse perdido um ente querido, imediatamente pulei da cama, entrei no carro, e fui à casa dele.
Alguns anos se passaram... Minha vida mudou. Terminei a faculdade, fui aprovado no concurso público para auditor fiscal da Receita Federal.
Certo dia, fui designado para acompanhar um caso envolvendo um líder religioso que foi preso tentando deixar o país com duas malas de dinheiro. O montante apreendido seria doações dos fiéis. Quando cheguei ao local, pasmem! O suspeito era Juca. Quando me viu, ele demonstrou surpresa, e me cumprimentou como nos velhos tempos. Mas, nem tudo é o que parece, e logo me lembrei que Juca preferiu não ter amigos no mundo.
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(Washington Luiz, escritor e jornalista).
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