Corrupção na Petrobras foi institucionalizada no Governo Lula, diz Barusco.
O ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco disse que a corrupção na empresa petrolífera estatal foi institucionalizada a partir de 2004, durante o Governo Lula.
Ele acusou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de ter recebido algo entre 150 e 200 milhões de dólares em propinas em nome do partido a partir de 2004. A propina teria sido paga por empresas contratadas pela Petrobras.
Durante audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Barusco fez uma distinção entre a propina recebida antes e depois de 2004. Segundo ele, a partir de 2004 a propina recebida de empresas contratadas pela estatal era “institucionalizada”, ao passo que, antes disso, os pagamentos foram feitos a ele em caráter pessoal.
Barusco afirmou, em mais de cinco horas de depoimento, que essa quantia destinada ao PT é uma estimativa, baseada no cálculo de repartição da propina feito entre ele, Vaccari e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Ele disse que metade do dinheiro repassado pelas empresas contratadas era dividida entre ele e Duque. A outra metade ficaria com Vaccari. Os percentuais variavam um pouco em algumas operações.
Ele admitiu não ter como afirmar que Vaccari repassava essa quantia ao PT e disse não ter provas do pagamento de propina ao partido. “Muita documentação foi destruída antes da delação. O trabalho de coletar provas vai progredir. Eu simplesmente falei o que sabia”, disse. E acrescentou: “Eu não sei quem deu procuração para Vaccari operar (o esquema). Só sei que ele operava”.
Ao responder perguntas do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), ele mencionou os partidos destinatários da propina. “Até onde eu sabia a propina ia para o PP, o PMDB e o PT”, disse.
Devolução de US$ 97 bi
Barusco ratificou à CPI o teor dos depoimentos que prestou à Justiça Federal no processo de delação premiada originado da Operação Lava Jato. Ele repetiu que está devolvendo US$ 97 milhões guardados em contas em bancos no exterior, fez uma relação dos bancos com os quais operava, mencionou alguns dos operadores que intermediavam as propinas entre ele e as empresas, admitiu a existência de um cartel de empreiteiras e estaleiros e deu detalhes das operações da empresa privada Setebrasil, criada em 2011 para construir sondas de perfuração que seriam usadas na exploração do petróleo do pré-sal.
Barusco se disse aliviado por ajudar no repatriamento do dinheiro que possui em contas no exterior. Ao responder uma pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ele disse que entrou em “caminho sem volta”. ”Eu tive a fraqueza de começar. Primeiro, eu fiquei feliz (com as contas no exterior) e isso virou um pânico. Agora estou aliviado por estar ajudando na repatriação. Eu não recomendo para ninguém. É muito doloroso”, disse.
Críticas do PT
Mas ele não quis entrar em detalhes a respeito do esquema de propina existente antes de 2004, depois de ter admitido, em depoimentos judiciais, ter recebido dinheiro sistematicamente entre 1997 e 2003 da empresa holandesa SBM. “Eu estou sendo investigado pelo Ministério Público e pela justiça holandesa por este caso e não posso falar”, justificou.
A recusa provocou críticas da bancada do PT na comissão. Os deputados Maria do Rosário (PT-RS), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA) queriam saber como funcionava o esquema de pagamento de propina antes de 2004, ou seja, antes do governo Lula.
“Os partidos como o PSDB estão gostando deste depoimento em que o depoente não explica tudo e diz meias verdades. Ele não sabe para onde foi o dinheiro e não quer explicar se tem interesses em empresas internacionais”, disse a deputada Maria do Rosário. Em nota oficial, após a reunião da CPI, o PT negou as acusações de Pedro Barusco.
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Reportagem - Antônio Vital
Edição - Washington Luiz.
Da Agência Câmara Notícias
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