Petista nega interferência do governo na eleição da Câmara


“Essa acusação é absolutamente indevida. Temos três candidatos disputando a presidência da Câmara, e os três são legítimos. Os votos estão sendo buscados e disputados de forma legítima. Do mesmo jeito que eu tenho que respeitar os votos daqueles que apoiam, por exemplo, o deputado Eduardo Cunha ou o deputado Júlio Delgado, eu espero que eles respeitem os votos dos que apóiam a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia,” disse o líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT-RS), rebatendo as declarações do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), de que o governo estaria interferindo diretamente na disputa pela presidência da Casa.  

Além do peemedebista, concorrem à presidência o petista Arlindo Chinaglia (SP), principal oponente de Cunha, e o líder do PSB, Júlio Delgado (MG). Para o líder do governo, é normal a ação de atores políticos, como ministros, na campanha. "Não dá para impugnar a participação dos diferentes atores políticos; essa eleição também movimenta as bancadas de estados, os governadores e prefeitos, e tudo influi", afirmou.

Fontana rebateu ainda a declaração de Cunha de que, uma eventual vitória de Chinaglia traria "sequelas" para a Câmara, que ficaria submissa ao Planalto. "Não vejo nenhuma possibilidade de sequelas por conta dessa disputa. Tem tanta legitimidade a candidatura do Eduardo [Cunha] quanto a do Arlindo [Chinaglia]. Do mesmo jeito que ele, há alguns meses lançou sua candidatura, e começou legitimamente a buscar apoios, eu estranho que alguém diga que uma vitória do Arlindo vai trazer problemas para a nossa governabilidade."

O líder do governo também classificou de "inaceitável" a insinuação de Cunha de que a Polícia Federal teria forjado, a mando do governo, uma gravação com o objetivo de prejudicar sua candidatura à presidência da Câmara. “Eu acho uma coisa um tanto quanto incompreensível ele acusar a cúpula da Polícia Federal de, a mando do governo, estar forjando uma gravação. Se ela é falsa, o que ele deve fazer é colocar a denúncia, mas não criar outra falsa acusação e dizer que seria uma gravação manipulada”, disse Fontana, em entrevista coletiva.

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Para Fontana, a declaração foi uma tentativa de trazer um debate estranho para o centro da campanha à presidência da Câmara dos Deputados. “Se eu me sinto lesado, e apareceu uma gravação que eu digo que é falsa, devo pedir uma investigação, mas não imediatamente politizar, dizendo que seria algo forjado com o objetivo de interferir na disputa eleitoral”, completou o petista.
Ontem, em entrevista, Cunha disse que recebeu a gravação sábado (17), em seu escritório político, no Rio de Janeiro, de uma pessoa que se identificou como policial federal. Na gravação, um suposto aliado do deputado aparece conversando, durante três minutos e meio, com o suposto policial federal, que o estaria chantageando para não revelar informações comprometedoras do líder do PMDB. Após a denúncia, o Ministério da Justiça pediu que a Polícia Federal investigue a autoria da gravação.

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Fontana defendeu as recentes medidas adotadas pelo governo, como as mudanças no seguro-desemprego, na pensão por morte, e também os aumentos de tributos anunciados segunda-feira (19). Ele argumentou que não houve mudança nos rumos do governo, as medidas são pontuais e foram tomadas para preservar o emprego e a renda dos trabalhadores.“Existe um pequeno ajuste que traz uma melhoria da arrecadação do governo federal para permitir que o ritmo de obras e de investimentos públicos continue, mas esse ajuste é um ajuste absolutamente moderado, equilibrado e temporário. A política econômica do governo continua no mesmo sentido que é colocar o emprego e a renda do trabalhador em primeiro lugar”, disse.
   
Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil

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