"Demissões na Volkswagen não devem se espalhar para outras montadoras",diz Anfavea.
“É um processo independente, pontual, que é objeto de negociação entre empresa, trabalhadores e sindicato e temos convicção que rapidamente as partes chegarão a um novo acordo”, declarou Moan, acrescentando que até o momento não há informações de outros casos dessa natureza.
Na última terça-feira, a montadora alemã anunciou a demissão de 800 empregados de sua fábrica em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, e indicou que novos cortes poderão ocorrer tendo em vista o mau momento do setor automotivo. Como resposta, trabalhadores da fábrica decidiram por greve por tempo indeterminado. Moan avaliou, juntamente com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, que há tempo necessário para que as partes se ajustem e negou que a Anfavea tenha pedido eventual ajuda do governo federal para resolver a situação.
O presidente da Anfavea participou da posse do novo ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, que afirmou que "não há muito problema de caráter sistêmico que justifique uma ação do governo" sobre as demissões na Volkswagen. Segundo Monteiro, o governo federal manterá acompanhamento do processo, mas descartou uma intervenção sobre as demissões.
Ainda de acordo com Moan, o desempenho do setor automotivo no mercado interno em 2015 deve ser similar ao observado no ano passado, com a indústria apostando em um crescimento das exportações ao mercado externo. “Nós estamos apostando, não temos números ainda, mas a minha convicção é que no mínimo nós vamos repetir 2014”, disse o presidente da Anfavea, avaliando o mercado externo como “um dos caminhos” para alavancar as vendas do setor. Ainda assim, segundo Moan, “com certeza” haverá crescimento neste ano do setor no exterior e uma expansão maior em 2016. Para ele, é preciso que existam medidas que fortaleçam a competividade da indústria e novos acordos comerciais do país.
O setor automotivo, importante fonte empregadora no país, foi beneficiado por reduções tributárias após a crise global de 2008/09, o que ajudou a manter as vendas de veículos no país em alta até 2012, quando o governo federal estendeu benefícios do IPI reduzido desde que as montadoras não demitissem. Em 2013 e 2014, porém, as vendas de veículos no país amargaram queda e a expectativa é de nova redução neste ano. A associação de concessionários, Fenabrave, estimou na terça-feira queda de 0,5 por cento nas vendas em 2015, após recuo de 7,15 nos licenciamentos no ano passado.