Aluna da USP revela como foi estuprada em alojamento.
São Paulo - Em depoimento ao deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo que investiga trotes violentos, a universitária Bianca Cestaro de Almeida, de 27 anos, revelou detalhes sobre estupro sofrido em 7 de julho de 2013.
A estudante de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina da USP disse que foi conhecer o local onde faria uma disciplina e acabou convidada para uma festa. De madrugada, já bêbada, decidiu ir sozinha para o alojamento de amigas, onde dormiria. O ataque foi no alojamento do campus de Pirassununga. “As meninas ainda estavam na festa e eu deixei a porta aberta para que elas pudessem entrar depois. Quando estava indo para a cama, esse rapaz entrou e nós conversamos um pouco. Ele ficou insistindo para ficar comigo e eu dizendo não”, lembra. “Ele dizia que não teria problema porque tinha camisinha e que, se eu quisesse, poderia não fazer nada que ele faria tudo”, contou Bianca, que voltou a negar e pediu mais uma vez para o rapaz ir embora. Porém, como estava bêbada e com sono, adormeceu. Neste momento ele teria se aproveitado dela. “Quando vi que ele não ia desistir, disse que concordaria em fazer sexo com ele, mas pedi para ir ao banheiro. Ele deixou, mas disse que se eu não voltasse, iria atrás de mim”. Bianca viu nesta brecha a oportunidade para fugir.
Saiu da república e andou durante 40 minutos até a guarita da segurança do campus. Quando contou o que tinha acontecido, os guardas, apesar de perguntaram se ela queria ir ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito, disseram que denunciar a história não adiantaria. Argumentavam que como estava bêbada, não poderia ter certeza de como as coisas aconteceram e que o sexo poderia ter sido consensual. “Estava muito nervosa, chorava muito, não pensei direito. Mas, no dia seguinte, quando fui ao banheiro, tinha sangue na minha calcinha e foi aí que tive certeza que não era um mal entendido”.
Como tinha uma viagem programada ao Japão para os dias seguintes, Bianca só procurou a universidade para pedir a abertura de sindicância após algumas semanas. Ao contar seu relato, a assistente social do campus, no entanto, disse que o rapaz tinha se antecipado e contado uma versão diferente, segundo a qual Bianca teria dado a entender que havia concordado com a relação sexual.
A CPI do trote foi instaurada em dezembro do ano passado e, na audiência da última quarta-feira, ouviu Bianca e outros cinco estudantes de outras três universidades. Ao todo, a CPI já ouviu 27 alunos. A comissão tem até o dia 15 de março — quando termina a atual legislatura e os congressistas eleitos tomam posse — para encerrar as investigações. “As conclusões que estamos tendo são tristes e dolorosas. Eles estão falando com coragem e discernimento. Mas eu tenho a filosofia de que estou fazendo a minha parte para trazer a público o que acontece. Mas a mudança é em longo prazo e não dá para terminar as investigações até o dia 15 de março. Isso é só o índice”, disse o deputado Diogo, que não foi reeleito para a próxima legislatura. Com informações do iG.