Ibope admite que margem de erro pode ser maior.

No programa da jornalista Miriam Leitão na GloboNews, a diretora do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, contou que a margem de erro de uma pesquisa eleitoral pode ser maior do que a divulgada. Isso porque ela não existe no tipo de levantamento realizado durante a campanha. “A gente não pode falar de margem de erro. As pesquisas que fazemos não são probabilísticas e margem de erro só se calcula com pesquisas probabilísticas. Todos os institutos no Brasil trabalham com amostragem por cotas. Por cotas não há literatura que se permita calcular margem de erro. Temos que falar de margem de erro porque tem uma legislação eleitoral (que) escreve que para regular as pesquisas têm que falar qual a margem de erro. A gente registra a margem de erro antes de realizar a pesquisa. Isso não existe. Margem de erro só se calcula depois de a pesquisa realizada”, explicou.

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Carlos Pereira, cientista político da FGV que também participou do programa, notou que só agora os institutos têm dado essa explicação. As cotas, explicou, determinam os entrevistados por salário, região, idade, escolaridade e outros recortes. Dessa forma, o sistema corre o risco de não ser representativo da população. Procurar por esses perfis pode tirar a aleatoriedade da pesquisa. É uma desvantagem do modelo usado em campanhas que precisa ser dita ao eleitor, defende Pereira.

Márcia criticou a legislação. “O Brasil é o único país que tem isso registrado em lei. (…) Antes de fazer a pesquisa, estamos fazendo uma estimativa no modelo de amostragem, que seria o ‘aleatório simples’, quando na verdade o modelo de amostragem com o qual trabalhamos é o de ‘amostragem de conglomerados’ que, por si só, já tem uma margem de erro maior do que a ‘aleatória simples’”, comentou.
A amostra probabilística não é feita por uma questão de tempo. Demoraria três meses para ser realizada, lapso que não cabe na corrida eleitoral. A opinião das pessoas muda mais rápido. Sortear o quarteirão, a casa e a pessoa para depois entrevistá-la são etapas que teriam que fazer parte do processo. “O modelo de amostragem que é usado é uma mistura para o primeiro estágio de seleção, o dos municípios, e no último estágio de seleção, que é esse por cotas, que predetermina quantos homens e mulheres, quantas entrevistas em cada estado serão feitas, em qual faixa de idade e com qual grau de escolaridade. É feita dessa forma porque tem que ser célere, completou Márcia Cavallari.

Fonte: Miriam Leitão | Matéria publicada no Blog do Bastos.

Comentários

  1. Razão da pesquisa quando falsa, uma maneira de iludir os incautos eleitores que não tem informações corretas do que se passa na administração governamental, nem tomam conhecimentos dos ilícitos praticados por políticos desonestos, em formas de propinas, mensalão, quadrilhas muito bem organizadas. etc. Como uma corrida , apostam no favorito achando que é uma maneira inteligente por ser o melhor cavalo. Brasil decepcionado com esse tipo de eleitorados.

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