Ciência e Tecnologia - O fóssil de um xenungulado (Carodnia Vieirai) - mamífero pré-histórico, semelhante à
anta - encontrado em agosto passado no
Parque Paleontológico de São José, em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, já está no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde será estudado por especialistas da instituição e do Departamento de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A chefe da equipe, paleontóloga Lilian Bergqvist, disse à Agência Brasil que será iniciada agora a separação do material, que está muito incrustado na rocha, visando à retirada de toda a parte óssea do fóssil. Depois, os pesquisadores irão avaliar o que poderá ser pesquisado a partir do material encontrado. “Esse processo deve levar mais ou menos um mês, no mínimo, porque o calcário é muito duro”, explicou.
Segundo Lilian, não se trata de uma descoberta, mas de um novo achado do xenungulado, que é um animal já conhecido. Esse é o terceiro fóssil do tipo encontrado naquela bacia, o último em 1980. “Não se trata de um material excepcional. O excepcional foi a gente achar esse material novamente. É importante para a gente ver se há alguma diferença ou uma característica especial”, informou.
De formato e tamanho similares aos de uma anta, o xenungulado não é, entretanto, ancestral da anta. Esses mamíferos viveram na época de formação da Bacia de Itaboraí, há cerca de 55 milhões de anos. A paleontóloga da UFRJ esclareceu que esse grupo fez parte da linhagem sul-americana, que surgiu após a extinção dos dinossauros. “Ele fez parte de um experimento evolutivo que não deu certo e logo se extinguiu”.
Lilian destacou que Itaboraí foi uma bacia muito rica em fósseis, mas ficou esquecida a partir da década de 1980, quando se pensou que seu potencial havia se esgotado. A descoberta do xenungulado e de duas mandíbulas de outro animal, chamado "Astrapotheria”, mostra que a região ainda tem que ser preservada para pesquisa. “Ela começou a ser invadida pela população em volta, tem vegetação cobrindo todas as rochas. Por isso, a gente tem que fazer um trabalho para tornar a região acessível à pesquisa novamente”.
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* Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
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