Em Família chega ao fim com personagens que decepcionaram o público.


Em Família estreou no começo de fevereiro com a promessa de ser a última novela que Manoel Carlos escreveria para a Globo. Aos 81 anos, o criador de dramas familiares ambientadas no Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro do Leblon, criaria sua última protagonista de nome Helena, dessa vez vivida por Júlia Lemmertz. Desde o começo, no entanto, a despedida de Maneco, como é conhecido o autor, decepcionou: Em Família teve a pior estreia em audiência de uma novela das nove da emissora. Nos meses seguintes, a trama continuou sem emplacar, e marcou média de 26 pontos na segunda semana de abril, resultado sofrível para o horário, que mira a casa dos 40 pontos. Com informações da Veja.

A audiência foi baixa. Em Família se valeu de uma grande gama de personagens apáticos, que não conseguiram conquistar a torcida do público. A Helena de Júlia Lemmertz, tão ressentida do passado, não falou de outra coisa na novela que não estivesse relacionada com seu primo Laerte (Gabriel Braga Nunes), sua paixão do passado. Ele, por sua vez, foi de ciumento excessivo a psicótico em dois tempos e se tornou insuportável nos últimos capítulos do folhetim. Luiza (Bruna Marquezine), filha de Helena que se apaixona por Laerte, só irritou a mãe, o pai, a avó, Laerte — e os espectadores.

Maneco não abriu mão de seu estilo, calcado em tramas lentas e longos diálogos. Isso, por si só, não é um defeito, afinal cada autor tem a sua marca. Mas, depois que o público brasileiro teve o gostinho de novelas com agilidade e aparência de filmes e séries americanas, caso de Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro, ficou difícil agradar com modelos mais clássicos, como o de Manoel Carlos.

Os erros de Em Família:

Helena, a heroína ressentida - Marca registrada de Manoel Carlos, as protagonistas de nome Helena costumam cativar o público e conquistar sua torcida. Não foi o que aconteceu com a Helena de Julia Lemmertz: amarga e ressentida, a leiloeira demorou a aceitar a decisão da filha, Luiza (Bruna Marquezine), de se casar com Laerte (Gabriel Braga Nunes), seu ex-namorado de juventude. Helena dizia temer que Luiza também se tornasse vítima do ciúme e do descontrole de Laerte, mas a história não colou e os espectadores passaram a criticar a atitude da protagonista, que, sempre de cara amarrada, exalava negatividade.

Laerte, o galã do avesso - Laerte começou mal na trama e terminou muito pior. De rapaz instável e ciumento dos primeiros capítulos, ele passou a homem descontrolado e psicótico nas últimas semanas de Em Família. Apesar disso, conseguiu se estabelecer como o verdadeiro galã da novela, arrasando corações por onde passava. Conquistou Helena, Luiza, Shirley (Vivianne Pasmanter), Verônica (Helena Ranaldi) e Lívia (Louise D'Tuani), que se assustaram, cada uma a seu tempo, com a loucura do músico — mas nem por isso deixaram de sentir algo a mais por ele. 


Ilusão desmedida de Luiza - Rainha da cegueira emocional, Luiza demorou demais a dar ouvidos àqueles que a alertavam para o desequilíbrio de Laerte. E, sendo estudante de psicologia, mostrou que não entendia nada do comportamento humano: ela precisou ser puxada pelo braço diversas vezes e tratada como propriedade por Laerte para começar a perceber que havia algo errado com as atitudes do namorado. Não há ilusão amorosa que sustente tamanha inocência da garota. 

Trama lenta - Afeito a histórias que se desdobram durante vários capítulos, com direito a longos diálogos — na mesa do café da manhã, na praia, em qualquer evento social —, Manoel Carlos pena para manter a atenção do público, cada vez mais acostumado com a agilidade de séries de televisão. Em Família se arrastou desde sua estreia, em 3 de fevereiro, deixando o espectador entediado por meses com as crises existenciais nada interessantes dos ricaços do Leblon, reduto de Maneco. Nas últimas semanas, em julho, o autor decidiu correr e criou situações duvidosas, como o casamento-relâmpago de Alice (Erika Januza) e Vitor (Gustavo Machado), que oficializaram a relação depois de três ou quatro aparições juntos. 

Estereótipos ultrapassados - Avenida Brasil e Cheias de Charme, ambas de 2012, levaram para a tela da televisão aquilo que já era visto nas ruas — e no comércio: o aumento do número de brasileiros que conseguiram ampliar sua renda e ascendiam à classe média. A empregada doméstica, a secretária, o motorista passaram ao protagonismo também nas novelas, caso de Cheias de Charme, que lançou o grupo musical fictício Empreguetes e acabou fazendo sucesso fora da TV. Manoel Carlos, porém, parou no tempo em que domésticas uniformizadas faziam mera figuração nos folhetins e representou a classe C como sempre fez, por meio de estereótipos da gente simples sem ambição, sem vontades próprias e sem importância na trama. 

Casa de repouso sem razão de ser - O núcleo liderado por Miss Lauren (Betty Gofman) na casa de repouso não justificou sua existência ao longo da trama. Se a intenção de Maneco era usar o local para construir ali o núcleo cômico da novela, ele fracassou, já que os personagens não têm graça alguma. Se ele queria fazer merchandising social e abordar os maus tratos sofridos por velhinhos em casas de repouso, falhou também ao construir situações fracas se comparadas às que ele mesmo já havia retratado em Mulheres Apaixonadas (2003), com a intransigente Dóris (Regiane Alves), que destratava os avós.

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Fonte: Veja

Comentários

  1. SEM CONTAR QUE TODOS OS CASAIS SE SEPARARA DURANTE A TRAMA, O UNICO CASAL QUE SOBREVIVEU FOI O MAIS SEM GRAÇA DE TODOS, LETO E PAULINHA

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