Construtora de aeroporto doou R$ 67 mil para campanha de Aécio em 2006, diz jornal.


O caso do aeroporto construído em 2010, dentro de uma fazenda de um parente do candidato a presidência da República Aécio Neves, quando o mesmo era governador de Minas Gerais, e denunciada pelo jornal Folha de S. Paulo, está dando o que falar. Tanto que o ex-presidente Lula defendeu nesta terça-feira que seja investigada a denúncia feita pelo jornal. "Uma denúncia tem que ter um processo de investigação pra saber se tem procedência ou não", afirmou.

No domingo, a Folha de S.Paulo afirma que a obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado. De acordo com a publicação, o aeroporto é administrado por familiares de Aécio na cidade mineira de Cláudio. A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, que é tio-avô de Aécio e ex-prefeito de Cláudio, guardaria as chaves do portão do local. 

Segundo o R7, a empresa responsável pela construção do aeroporto dentro de uma fazenda do tio-avô do candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, doou R$ 67 mil à campanha do tucano em 2006. Na época, Aécio disputava a reeleição ao governo de Minas Gerais. Ainda segundo a publicação, a Vilasa Construtora Ltda. fez três repasses a Aécio entre julho e agosto de 2006: o primeiro de R$ 15 mil, o segundo de R$ 50 mil e o terceiro de R$ 2.000. Os dados estão na prestação de contas fornecida pelo próprio candidato ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2006.

No fim de 2008, quando se aproximava o fim do segundo mandato de Aécio à frente do governo de Minas Gerais, a empreiteira iniciou a construção do aeroporto de Claudio, que ficou pronto em outubro de 2010 e custou R$ 13,9 milhões aos cofres públicos. É importante lembrar que houve uma licitação para a contratação da construtora.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou nesta segunda-feira que irá pedir ao governo de Minas Gerais e à prefeitura do município de Cláudio informações sobre a suposta utilização irregular do aeródromo local, que ainda não está homologado pela agência e não pode receber operações aéreas. O Ministério Público também afirmou que investigará o aeroporto, porém em âmbito interno para perscrutar a legalidade da desapropriação do terreno e o interesse público para a sua construção. Ao final do procedimento, o promotor Júlio César Luciano, responsável pelo caso, determinará se abrirá uma ação na Justiça. 

Em sua resposta ao jornal, a assessoria de Aécio disse que “o aeroporto foi construído em área pertencente ao Estado, não havendo portanto o investimento público em área privada afirmado no título da reportagem”. “De forma incompreensível, o ex-proprietário da área é tratado na reportagem como dono do terreno”, disse ainda a nota.

Em nota divulgada no início da noite de domingo, o governo do Estado de Minas Gerais disse que as obras só “foram realizadas depois que a Justiça desapropriou a área, transferindo a sua propriedade ao Estado”, em março de 2008. Segundo o governo mineiro, não houve acordo entre o Estado e o proprietário do terreno sobre o valor fixado para a desapropriação. Dessa forma, corre na Justiça a discussão sobre o “valor da indenização e não a propriedade e posse do imóvel pelo Estado, que é irreversível”. 

Segundo o candidato, o aeroporto não é novo e a obra faz parte de um plano de melhorias realizadas em pista de pouso que existia há mais de 20 anos no local, “realizadas por meio do ProAero, programa criado no governo Aécio Neves e que garantiu investimentos em inúmeros aeroportos do Estado”.

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Fonte: Terra/ R7

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