Shows, peças e discos homenageiam Chico Buarque nos seus 70 anos.


Os 70 anos do músico, dramaturgo e escritor Chico Buarque completados hoje, 19, serão comemorados em um jantar num restaurante de Paris com familiares que viajaram do Brasil para partilhar o momento especial com o aniversariante. Festejar a data nunca foi sua predileção, mas a coincidência de sua presença em Paris e de integrantes da família estarem em férias promoveu a ocasião para uma ceia privada em petit comité.

Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e de Maria Amélia Buarque de Hollanda, nascido no Rio de Janeiro, conquistou todo o país. São quase 50 anos de uma carreira consolidada que se expande para universos como música, literatura, teatro e cinema. O início da carreira não foi nada fácil. Ele e Tom Jobim foram vaiados no Festival Internacional da Canção, em 1968. Um fato que poderia desestimular qualquer um, mas não alguém como Chico Buarque. Ele compôs diversos sucessos depois dessa apresentação fatídica. Nesse mesmo período, Chico Buarque criticou a ditadura militar e isso fez com que ele fosse ameaçado pelos militares, se exilando na Itália.

Chico Buarque se dedicou também a criação de filmes e peças de teatro - sempre inspiradas nas próprias músicas. A “Ópera do Malandro” foi o de maior sucesso, sendo uma referência até hoje. Ao lado do seu parceiro, Caetano Veloso, foi um dos apresentadores do semanal “Chico e Caetano”, que ia ao ar nas noites de sexta-feira na TV Globo.

Em seu Instagram, na manhã desta quinta-feira (19), Caetano Veloso, amigo de longa data de Chico,  fez uma homenagem ao cantor.

"O Brasil é capaz de produzir um Chico Buarque: todas as nossas fantasias de autodesqualificação se anulam. Seu talento, seu rigor, sua elegância, sua discrição são tesouro nosso. Amo-o como amo a cor das águas de Fernando de Noronha, o canto do sotaque gaúcho, os cabelos crespos, a língua portuguesa, as movimentações do mundo em busca de saúde social. Amo-o como amo o mundo, o nosso mundo real e único, com a complicada verdade das pessoas. Os arranha-céus de Chicago, os azeites italianos, as formas-cores de Miró, as polifonias pigmeias. Suas canções impõem exigências prosódicas que comandam mesmo o valor dos erros criativos. Quem disse que sofremos de incompetência cósmica estava certo: disparava a inevitabilidade da virada. O samba nos cinejornais de futebol do Canal 100, Antônio Brasileiro, o Bruxo de Juazeiro, Vinicius, Clarice, Oscar, Rosa, Pelé, Tostão, Cabral, tudo o que representou reviravolta para nossa geração foi captado por Chico e transformado em coloquialismo sem esforço. Vimos melhor e com mais calma o quanto já tínhamos Noel, Haroldo Barbosa, Caymmi, Wilson Batista, Ary, Sinhô, Herivelto. A Revolução Cubana, as pontes de Paris, o cosmopolitismo de Berlim, o requinte e a brutalidade de diversas zonas do continente africano, as consequências de Mao. Chico está em tudo. Tudo está na dicção límpida de Chico. Quando o mundo se apaixonar totalmente pelo que ele faz, terá finalmente visto o Brasil. Sem o amor que eu e alguns alardeamos à nossa raiz lusitana, ele faz muito mais por ela (e pelo que a ela se agrega) do que todos nós juntos."   

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Com Agências

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