Diante de um detector de mentiras, pai de Bernardo nega participação no assassinato.
O médico Leandro Boldrini, acusado da morte do filho Bernardo, de 11 anos, negou a participação no assassinato cometido em 4 de abril. O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso ao depoimento dado pelo réu na última quarta-feira (28) na Penitenciária de Charqueadas, na Região Carbonífera do Rio Grande do Sul, onde está preso preventivamente, diante de um detector de mentiras (veja no vídeo). "Eu não fui o mentor da morte do Bernardo. Eu não planejei. Jamais faria uma coisa destas. Fizeram um troço alheio ao meu conhecimento", disse Leandro.
O equipamento apontou que o médico dizia a verdade ao garantir que não teve participação no crime. Referindo-se à sua mulher, Graciele Ugulini, como "Kelly", ele afirmou que, ao contrário do que apontam a Polícia Civil e o Ministério Público, não contribuiu com a madrasta do filho, acusada de aplicar a injeção letal que o matou. "Eu gostava do Bernardo. Gosto dele até ainda hoje", disse Leandro. "Não financiei a Kelly de maneira alguma para matar o Bernardo. Se ela obteve algum recurso financeiro, foi de forma escusa. Foi de forma que eu não tive o conhecimento", acrescentou, diante do detector de mentiras, que apontou a veracidade na declaração.
Vídeo registra últimos momentos de Bernardo Boldrini.
Polícia indicia pai, madrasta e amiga por morte de Bernardo Boldrini.
Eficácia do aparelho é contestada - Detector de mentiras semelhantes ao usado em Charqueadas foram vendidos à Polícia Civil pelo mesmo perito que analisou a fala do médico. Segundo o fabricante, um programa de computador de tecnologia israelense avalia por meio da frequência de voz se a pessoa diz a verdade. Para o investigador Demétrio Peixoto, é impossível enganar o sistema. "Não tem essa possibilidade porque o sistema é todo baseado na leitura cerebral, na leitura do pensamento", afirmou.
Polícia indicia pai, madrasta e amiga por morte de Bernardo Boldrini.
Eficácia do aparelho é contestada - Detector de mentiras semelhantes ao usado em Charqueadas foram vendidos à Polícia Civil pelo mesmo perito que analisou a fala do médico. Segundo o fabricante, um programa de computador de tecnologia israelense avalia por meio da frequência de voz se a pessoa diz a verdade. Para o investigador Demétrio Peixoto, é impossível enganar o sistema. "Não tem essa possibilidade porque o sistema é todo baseado na leitura cerebral, na leitura do pensamento", afirmou.
O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas, Luiz Flávio Durso, discorda. "A ausência de base cientifica é tão grande que esta providência não pode ser considerada uma prova e não tem sustentação de comprovação de resultado", afirmou.
O subprocurador geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Marcelo Lemos Dornelles, também contesta o resultado. "Este detector é facilmente enganável porque a pessoa pode se preparar para as perguntas e para as respostas. Portanto, quando vem da defesa, normalmente nós entendemos que eles já sabem que vai ser um fator positivo", afirmou.
Já o técnico no uso do aparelho que fez o teste em Leandro acredita na eficácia. Questionado se acredita na veracidade do depoimento, disse que "em relação ao resultado" tem certeza.
Dornelles acredita na participação de Boldrini no crime, mesmo que indireta. "Não há elementos de que ele efetivamente tenha matado, mas ele contribuiu em todos os momentos pra que isso acontecesse", afirma.
O advogado da avó materna de Bernardo, Marlon Taborda, duvida da eficiência do detector de mentiras. "Vejo que é um direito dele utilizar, mas eu não acredito que possa ter eficácia perante pessoas frias, pessoas que possam ter um transtorno antissocial", diz.
Relembre o caso - Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
"O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira, 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal.
Fonte: G1
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