Afogamento ainda é a maior causa de mortes por acidentes de crianças.

Você sabia que o afogamento ainda é a maior causa de mortes por acidentes de crianças com idades entre 1 e 14 anos? A cada ano, mais de 1.100 crianças morrem afogadas, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A maior incidência ocorre com crianças entre 1 e 4 anos - 422 casos, o que representa 37% do  total. Em segundo lugar, vêm as mortes de crianças com idades entre 10 e 14 anos - 407 registros e 36% dos casos. Dados do Governo Federal mostram que o índice de mortes de crianças e adolescentes de 1 a 14 anos representa quase o dobro da segunda maior causa de óbitos infanto-juvenis – 1.166 morreram afogados, e 687, atropelados.

Os dados acima mostram que precisamos fazer alguma coisa se queremos mudar essa triste estatística. Não adianta ignorar, temos que agir.

Abaixo os leitores e leitoras poderão acompanhar a entrevista de Rita Samora, uma jovem mãe que passou por esse momento difícil e hoje compartilha essa experiência dolorosa para levar sua solidariedade e chamar a atenção para um fato que pode acontecer com qualquer pessoa. Ela relata o drama que viveu vendo seu filho partir. Miguel, de apenas 5 anos, faleceu às véspera do Natal, leiam a entrevista:

Washington Luiz - Rita Samora desde já quero agradecer pela oportunidade de abordar esse tema. Esclarecer para o leitor que diante do crescimento do número de afogamentos de crianças, conforme dados oficiais apresentados acima, embora seja um assunto doloroso, sabemos que não podemos ignorá-lo. Você pode nos contar como aconteceu o afogamento de Miguel?
Rita Samora - Washington, eu que agradeço a oportunidade de poder estar aqui para alertar aos pais sobre o assunto. Achamos que nunca pode acontecer conosco, eu sempre via e ouvia notícias de afogamento com crianças e não entendia como uma mãe podia ter deixado aquilo acontecer, até quem um dia "aquilo" aconteceu comigo. Era um dia de Natal, fomos convidados (eu,meu esposo e as crianças) a passar o dia em um sítio de parentes de  amigos, a tarde após o almoço decidimos todos descer para uma cachoeira próxima, na verdade um "filete" de água represada que a mão humana formou a cachoeira com enormes pedras. Ao chegar decidi não entrar na água, fiquei na mesa com meu esposo, minha filha ( na época com 6 meses) e mais um amigo. Entrou na cachoeira para banhar/brincar meu filho Miguel, um outro amigo nosso e sua filhinha, e lá ficaram na beira brincando por um bom tempo. Tudo acontece com um piscar de olhos, então o cuidado com crianças em água precisada ser redobrada. A todo momento eu vigiava ele, e sempre estava a altura dos meus olhos, por segundos abaixei a cabeça para colocar a chupeta na boquinha da minha filha que estava no bebê conforto, quando levantei já não o vi mais, porém sinceramente não me preocupei, o nosso amigo estava lá com ele brincando, foi quando ele (nosso amigo) chegou perguntando se nós tínhamos visto o Miguel. Alí, naquele momento eu saí de mim, na hora veio em mente tantas notícias que já tinha visto, no mesmo instante todos que estavam na cachoeira se mobilizaram a procura-lo e com uns 5 minutos para a minha tristeza vi o corpinho dele sendo suspenso por um moço da água, e eu tinha que ter forças para segurar minha filha em um braço, o bebê conforto no outro e tentar acalmar meu esposo que entrou em desespero. Massagem cardíaca foi dada, mas sem êxito, ele já estava sem vida, sem pulso. E pasmem leitores, em um lugar raso, onde nesse moço a água pegava no meio da canela. Afogamentos podem acontecer até em uma banheira de bebê com 1 palmo de água!


Washington Luiz -  Perder um filho é uma das piores dores que um ser humano pode enfrentar. Como você conseguiu superar?

Rita Samora - Pra ser sincera superar não superei, exatamente hoje está completando 1 ano e 5 meses e o que consigo dizer é que fui obrigada a acostumar com o fato, já que não posso mudar e trazer meu filho de volta. A presença física dele faz muita falta, ainda ouço sua voz em minha mente me chamando de Mãe. Uma dor inexplicável e incomparável! Mas tenho um Deus Vivo que me faz vencer cada dia com vitória, um Deus que antes de buscar para Si o filho que Ele me emprestou (sim emprestou, pq nossos filhos não são nossos, Deus nos empresta para cuidar e zelar e quando Ele vê que precisa desse anjo lá  no céu Ele busca de volta), plantou em minha vida outra sementinha chamada Lívia, me encarregou de ser mãe de uma menina linda e do jeitinho dela preenche o vazio que ficou. Meu filho ao ser gestado seu nome foi escolhido nome de anjo e depois de 5 anos de vida ele voltou a ser um anjo escolhido a dedo por Deus.

Washington Luiz - Qual conselho você dá para uma pessoa que está passando por esse momento agora?

Rita Samora:  Nada acontece por acaso, não cai uma folha da árvore de Deus sem a permissão Dele. Ele só nos dar um fardo que aguentamos carregar, eu não conseguia me enxergar mãe de anjo, e hoje sou mais uma que tem essa grande missão.

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