O negro e macaco - 'não somos todos macacos'.
"Que bonito seria o mundo se não reinasse com veemência o preconceito," diz a poesia "O Preconceito", de minha autoria. O racismo é um preconceito contra um “grupo racial”, geralmente diferente daquele a que pertence o sujeito, e, como tal, é uma atitude subjetiva gerada por uma sequência de mecanismos sociais, define a Wikipédia.
Recentemente o lateral do Barcelona e da Seleção Brasileira, Daniel Alves viveu um episódio de "racismo" durante um jogo entre seu time e o Villarreal pelo Campeonato Espanhol. O jogador passou a encabeçar uma campanha contra o racismo após comer uma banana que havia sido jogada no campo por um torcedor rival durante a partida. A atitude do jogador teve grande repercussão e, encabeçada por Neymar (com a ajuda de uma agência de publicidade) teve início uma campanha denominada #Somostodosmacacos. Em entrevista ao programa Altas Horas, Daniel Alves rejeitou o slogan. "Eu não gosto muito do #somostodosmacacos, porque acho que a gente é a evolução disso. Somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender", afirmou.
E assim como Daniel Alves, há muitas pessoas que rejeitam o slogan. O escritor e jornalista João Ubaldo Ribeiro expõe uma visão muito interessante em seu artigo intitulado 'O negro e o macaco', publicado no jornal "O Estado de São Paulo". Ubaldo diz que "é curioso como não paramos para pensar e notar que, quesito por quesito, algum racista negro teria razões para alegar que macaco é branco e não negro, o qual pode ser visto como muito mais distante do macaco que o branco. Se é verdade, não sei, nem isto tem importância alguma, mas pensem aqui num par de coisas. Imaginem, por exemplo, um ser inteligente de outro planeta, portanto não sujeito aos nossos condicionamentos, a quem incumbíssemos de esclarecer qual das duas raças é mais próxima do macaco. Para tanto, poríamos diante dele um branco nu, um negro nu e um chimpanzé, nosso primo próximo".
Ainda segundo o escritor, "o primeiro impacto talvez fosse a cor e, de fato, o pelo do chimpanzé, assim como a pele do negro, é preto. Mas o bom observador não ia deixar-se levar por essa aparência. Façamos um exame cuidadoso e uma listazinha, junto com ele. O macaco é todo coberto de pelos, o corpo do negro é glabro, o branco pode ser o Tony Ramos; os pelos do macaco são lisos, os cabelos do branco também, os cabelos dos negros são crespos; raspado o pelo, a pele do macaco por baixo se revela branca e não preta; os lábios do macaco são finos, os do branco também, os dos negros são grossos; o macaco não tem bunda, o branco tem bunda chata, o negro tem bunda almofadada; até - perdão, senhoras - os renomados atributos masculinos dos negros são mais distantes do macaco, que é tipo piu-piu. Como se vê, basta escolher o que se quer levar em conta e, pelo menos neste exemplo perfeitamente plausível, o extraterrestre poderia concluir que o branco está bem mais perto do macaco que o negro".
João Ubaldo Ribeiro finaliza seu artigo dizendo que tudo isso é bobagem, discussão que não leva a nada, somente ao ódio e à intolerância. Vamos parar de procurar modelos, ao menos nisto não sejamos tão colonizados, não permitamos que mais lixo contamine nosso pensamento.
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