Ocupação do Conjunto de Favelas da Maré prepara região para instalação da 29ª UPP do RJ.
As forças de segurança estadual e federal ocuparam em cerca de 15 minutos o Complexo de Favelas da Maré, em operação iniciada às 5h de hoje (30). Um total de 1.180 PMs e 130 policiais civis, receberam apoio de policiais federais, policiais rodoviários e de 250 fuzileiros navais.
Nenhum tiro foi disparado durante a progressão das forças de segurança na área, formada por 15 favelas, onde moram cerca de 120 mil pessoas. As ruas que, nas primeiras horas, ficaram desertas, com as casas fechadas, aos poucos foram retomando o movimento caraterístico de uma manhã de domingo.
Os moradores olhavam o movimento das janelas de casa ou reunidos nas esquinas. Grupos de policiais civis, acompanhados por delegados, revistavam residências, amparados por um mandado coletivo de busca e apreensão.
Um grupo de moradores, sentados na sombra, em frente à uma residência na Favela Nova Holanda, apoiava a ação, mas pedia melhorias na comunidade. “Queremos mais creches, pois é muito difícil encontrar vagas para os nossos filhos”, pediu uma moradora.
“Falta uma Unidade de Pronto Atendimento mais próxima, porque a única que tem fica na Vila do João e lá nós não podemos entrar”, disse um morador, que trabalha em lanchonete, referindo-se ao impedimento que a população tinha de transitar de um lado para outro do Complexo da Maré, que era dividido entre duas facções de traficantes.
Outra reivindicação é a volta das escolas em tempo integral, como funcionavam os Cieps. “Eu estudei lá quando era criança e era muito bom. Depois acabaram com isso e ficou difícil de continuar”, disse um jovem, de 20 anos, que parou na 5ª série. Além disso, o grupo pedia melhorias na quadra de futebol, que já teve grama sintética, mas hoje está cheia de buracos.
A população do Complexo da Maré recebeu positivamente a chegada das forças de segurança, que ocuparam o conjunto de 15 favelas, onde moram cerca de 120 mil pessoas. A opinião é do comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, coronel André Vidal, que participou da operação, iniciada às 5h de hoje (30).
População da Maré nos recebeu com sorrisos e aplausos, diz comandante da PM
O batalhão ficou responsável por ocupar quatro comunidades: Vila Pinheiro, Baixa do Sapateiro, Vila do João e Parque Boa Esperança, todas até então comandadas por uma facção criminosa.
O oficial falou após a cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil, do estado do Rio e do próprio batalhão, em uma praça ao lado do Morro do Timbau.
“O objetivo primeiro foi a tomada pacífica do terreno, sem risco para os moradores. A população nos recebeu com palmas e sorrisos. É só olhar em volta e ver”, disse o coronel.
André Vidal pediu apoio dos moradores com informações que possam levar à apreensão de armas e drogas, além da localização de criminosos. Segundo ele, a população não precisa ficar com medo, pois a operação é definitiva.
“Não é só uma ocupação de força, é uma ocupação social. Espero que os próximos governantes mantenham isso. A polícia veio para ficar, só sairemos com a chegada do Exército.”
Agência Brasil | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
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