Governo diz que deve assentar até 35 mil famílias em 2014


Um dia após cerca de 15 mil pessoas participarem de uma marcha do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra pela reforma agrária em Brasília, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, anunciou nesta quinta-feira (13) que a meta do governo é promover de 30 mil a 35 mil assentamentos de famílias até o fim de 2014. Vargas fez o anúncio após sair de reunião entre a presidente Dilma Rousseff, ministros e representantes do MST no Palácio no Planalto. 

Integrantes dos sem-terra chegaram a Brasília no início da semana para comemorar os 30 anos do movimento. Na marcha desta quarta na Esplanada dos Ministérios, houve confronto com a polícia. A manifestação terminou com 32 feridos, dos quais 30 policiais, segundo a PM do Distrito Federal. Apesar do anúncio do ministro, os sem-terra cobram agilidade na reforma agrária e pedem assentamento de 100 mil famílias até o fim do ano. Após a reunião da presidente com o MST, que durou cerca de uma hora, Pepe Vargas disse que seria "irresponsabilidade" prometer assentamento para as 100 mil famílias como pede o MST.

"Sobre metas numéricas, a gente tem tido toda a responsabilidade de dizer aquilo que é a capacidade operacional que o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] tem", afirmou.


Alexandre Conceição, da Coordenação do MST, que participou do encontro, criticou o número de assentamentos anunciado para 2014, inferior ao reivindicado pelo movimento. "Se o MDA e o Incra não têm capacidade, então que o governo ajude, dê um suporte para que eles consigam atender a meta".  Segundo ele, a meta do MST foi dita "com muita clareza" para a presidente. O MST propôs ainda a utilização, para fins de reforma agrária, de terrenos irrigados no Nordeste que estão desocupados. Dilma determinou a criação de um grupo de estudo para avaliar a possibilidade de aproveitar esse terrenos e quantas famílias poderiam ser assentadas.

"Nós avaliamos que dá para chegar neste ano a 30 [mil], 35 mil famílias e, se tivermos sucesso na identificação de lotes em perímetros irrigados, esse número poderá ser maior", declarou Pepe Vargas.

De acordo com o ministro, há um cuidado por parte do governo para evitar que os assentamentos sejam feitos sem qualidade. “Nós queremos quantidade com qualidade”, disse. “É óbvio que eles [integrantes do MST] apresentaram um monte de reivindicações e, de forma correta e não demagógica, não vamos dar resposta fácil para contentar só naquele momento", disse Vargas.

Governo e MST  têm números diferentes sobre a quantidade de famílias assentadas nos últimos anos. O ministro afirmou que foram assentadas 75 mil famílias no governo Dilma. O MST reconhece 39 mil. Uma das justificativas apresentadas por Pepe Vargas para o ritmo lento da reforma agrária é a quantidade de processos de desapropriação represados no Judiciário, aguardando liberação. Se todos fossem concluídos, disse, o Incra teria  condições de assentar em 18 mil e 20 mil famílias.

(*) Fonte: G1

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