Política de transporte a R$1 é deficiente, mostra estudo da UENF em Campos, RJ.

Momento Verdadeiro | Com informações da 'UENF'.

Um pesquisa de mestrado intitulada ‘Mobilidade Urbana e políticas públicas no município de Campos dos Goytacazes: um estudo da política de transportes a um real’, que teve a orientação do professor Hernán Armando Mamani, do Laboratório de Engenharia de Produção (Leprod) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) apontou que uma das cidades mais ricas do Brasil tem uma política de transporte deficiente.
(Foto Equipe do Momento Verdadeiro)
De acordo com Isroberta Rosa Araújo, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UENF, a política de "transporte a um real" implantada no primeiro mandato da prefeita Rosinha Garotinho aumentou a mobilidade, mas não proporcionou acessibilidade, pois não conseguiu promover a democratização dos espaços da cidade. A diminuição do preço da passagem provocou um aumento considerável do número de usuários, mas este não foi acompanhado pela melhoria da prestação de serviços. "Os problemas foram potencializados, pois os ônibus trafegam lotados, em péssimas condições de uso e com frota antiga, ultrapassando algumas vezes a idade de uso," disse Isroberta.

O estudo também mostrou que a oferta inadequada de transporte coletivo está estimulando o uso do transporte individual, aumentando os níveis de poluição e congestionamentos em Campos dos Goytacazes. Isroberta Rosa observou que o sistema viário ideal é aquele que prioriza a dimensão humana, facilitando a circulação de pedestres, ciclistas e meios de transporte público coletivo, em detrimento do transporte individual motorizado. "Ao mesmo tempo, a falta de planejamento e controle do uso do solo provoca a expansão urbana horizontal, aumentando as distâncias a serem percorridas e os custos da provisão dos serviços para as áreas periféricas, onde a oferta se torna deficitária" — afirma.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a política de transporte a um real é deficiente, pois não é acompanhada de medidas de planejamento urbano que ordenem as atividades de uso do solo com as de transporte, de forma articulada. Esta ausência de planejamento, afirma, compromete a mobilidade e a acessibilidade urbana, além de criar desconforto para a população. "A boa mobilidade é fruto de políticas que, entre outras coisas, proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizem os modos coletivos e não individuais e motorizados de transporte, eliminem ou reduzam a segregação espacial e, por fim, contribuam para a inclusão social, favorecendo também a sustentabilidade ambiental," concluiu a pesquisadora.

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