Primeiras vacinas contra a dengue só deverão sair em 2015, diz professora da UENF.


Vacina contra a dengue: A professora da Universidade Estadual Norte Fluminense, Marílvia Dansa, que estuda o mosquito da dengue,  disse que a eficácia da vacina que foi publicada num estudo recente do laboratório francês Sanofi Pasteur, no periódico médico The Lanceté, é de apenas 30%  — embora seja muito boa em termos de pesquisa — ainda está muito longe do ideal. Marílvia acredita que ainda falta muito para que uma vacina contra a dengue se mostre realmente eficaz e venha a ser comercializada.

— O desenvolvimento de uma vacina passa por várias etapas e cada uma delas demora alguns anos. A vacina da Sanofi Pasteur encontra-se na fase 2b (de um total de quatro fases). É a que se encontra em estágio mais avançado de investigação — explica. 

Segundo Marilvia, existe atualmente uma corrida pela vacina envolvendo diversos laboratórios em todo o mundo. Além do Sanofi-Pasteur, há uma vacina sendo desenvolvida pelo laboratório alemão Merck. No Brasil, há vacinas sendo pesquisadas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos) — em parceria com a GlaxoSmithKline, utilizando vírus mortos — e no Instituto Butantan, com vírus geneticamente modificados.

— Nos últimos anos, o Brasil tem participado ativamente da pesquisa em dengue. Temos várias iniciativas, como o Instituto Virtual da Dengue e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular - INCT-EM. Além disso, temos um programa de monitoramento de resistência a inseticidas que é modelo para vários países. Isso é resultado de um esforço dos governos nos diferentes níveis em incentivar a pesquisa na área — afirma a professora, enfatizando a importância da continuidade das políticas públicas para que se possa obter resultados efetivos. 

No entanto, são muitas as dificuldades a serem superadas para se obter uma vacina segura. Uma delas, e talvez a mais importante, segundo Marílvia, é a questão dos sorotipos. Existem quatro sorotipos de dengue, chamados DENV 1, 2, 3 e 4. Se uma pessoa já adquiriu um deles,  a infecção por outro sorotipo tende a ser mais agressiva e pode levar à morte. Isso significa que a população não pode ser imunizada apenas contra um sorotipo; é preciso  imunizá-la simultaneamente contra os quatro sorotipos, ou seja, a vacina tem que ser tetravalente. Para Marílvia, as primeiras vacinas só devem ficar prontas a partir de 2015.

Na UENF, há vários grupos desenvolvendo pesquisas em dengue. Uma das linhas de pesquisa tenta isolar princípios vegetais com atividade inseticida e antiviral. Outra linha trabalha com fungos entomopatogênicos, ou seja, fungos que causam doença em insetos, e sua ação sobre o Aedes aegypti.  Existe ainda uma linha de pesquisa que estuda o papel de bactérias simbiontes do intestino do inseto e sua ação sobre a infecção por dengue (o termo ‘simbionte’ significa um organismo que vive associado a outro, sendo que cada um deles proporciona ao outro alguma facilidade. Neste caso, o mosquito oferece abrigo e alimento e a bactéria produz algumas vitaminas e aminoácidos sem os quais o mosquito morreria). 

— No LQFPP,  há alguns anos estamos estudando a interação entre o vírus da dengue e o mosquitoAedes aegypti. Mapeamos as populações naturais do mosquito quanto à sua suscetibilidade ao vírus, entre outros estudos — explica a professora.

Momento Verdadeiro | Saúde.
Texto de Thaís Peixoto e Fúlvia D'Alessandri
Blog Ciência  UENF.

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