As duas babás que trabalhavam com o casal Matsunaga falaram em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, reportagem exclusiva de Valmir Salaro, neste domingo (19). As duas que são mãe e filha, estavam no apartamento do casal antes e após o crime, e mesmo trabalhando não perceberam que um crime havia ocorrido no local.
Elas falaram de como Marcos Matsunaga estava após a volta da esposa, que esteve visitando seus parentes, falam da reação da patroa ao descobrir que estava sendo traída, e como a patroa ficou e se comportou após desaparecimento do marido e a reação após descobrir a morte do mesmo.
“Quando a gente entrou dentro do carro, ele falou: ‘eu tinha uma reunião e vou chegar atrasado, que droga’. E bateu no volante do carro porque ele iria chegar atrasado. Ela não falou mais nada, nem ele, e a gente continuou a nossa viagem e quando chegou lá, o Seu Marcos não foi dar banho na neném nesse dia, ela pediu ajuda a mim. Dei banho na neném com ela e depois eu peguei a minha bolsa e fui embora para casa.” Respondeu a babá quando foi perguntada se Marcos Matsunaga estava nervoso.
E ainda disse que estava com Elize no momento em que a patroa recebeu a confirmação de que estava sendo traída. Elize tinha contratado um detetive para seguir o marido. Quando ela ainda estava no Paraná, soube da existência destas imagens e contou para a babá: “Ela falou só: ‘eu descobri que ele está me traindo’”, lembra.
Mas ela estava nervosa, agitada? Perguntou o repórter e a babá respondeu que: Não, supertranquila. Mas a funcionária já tinha ido embora e tinha deixado a criança dormindo, na noite da morte de Marcos.
No dia após o assassinato a outra babá chegou cedo e disse que não percebeu nada diferente: “Entrei no quarto da babá, me troquei, subi, quando eu subi”, lembra. Ela ainda diz que ficavam em cima, “porque lá em cima tem a área de brinquedo da criança, a salinha e a copa.”
Repórter: No domingo de manhã, onde estava Elize?
Babá: Até um certo horário ela estava em casa. Até a hora de eu descer para o playground ela estava. Depois que eu voltei, ela já não estava mais. Tinha saído. Me avisou que ia sair pelo celular e ponto, saiu.
Repórter: No momento que a Elize saiu de casa com aquelas malas, que a gente vê no elevador, você não estava em casa?
Babá: Não. Eu estava lá embaixo, no playground.
E ela ligava pra você pra saber da neném?
Babá: Ligava, ligava pra saber da filha. A cada três horas, acho.
Repórter: Ela aparentava nervosismo?
Babá: Não.
Elize só chegou em casa no domingo à noite, depois de espalhar os pedaços do corpo na região de Cotia, na Grande São Paulo. Na segunda-feira, manteve a rotina.
“O dia a dia começou normal. Fica lá em cima, olha a filha, vai lá para baixo”, conta uma delas.
Repórter: Vocês circulavam na parte de baixo do apartamento?
Babá: Só na hora que ia almoçar e tomar café.
Quando voltou, na terça-feira, a babá que tinha viajado com Elize encontrou a patroa: “Ela subiu e falou: ‘então, Celia, o Marcos saiu de casa e falando que voltava na segunda e até agora não voltou’. Eu falei: ‘mas a senhora já tomou alguma providência?’. Ela falou assim: ‘eu vou tomar’”.
Elize pediu pra funcionária voltar a dormir no apartamento. "Eu preciso que você fique porque se precisar de eu sair correndo pra ver onde ele está ou qualquer coisa assim, você está aqui pra cuidar da neném", conta.
Naquela mesma semana, Elize também começou uma troca de emails com uma pessoa próxima à família. O Fantástico teve acesso às mensagens:
“O Marcos saiu de casa há dois dias e não dá notícia. A família e eu estamos preocupados”.
“Espero que encontrem logo o Marcos, estou desesperada e com muita pena da mãe dele. Eu nem consigo imaginar como é difícil para uma mãe não saber o paradeiro de seu filho”.
Na semana seguinte, ela dá a notícia da morte: “Infelizmente, não escrevo com boas notícias. Ontem encontraram o corpo do Marcos, estão trazendo para o IML de São Paulo, suspeita de homicídio, estava com um tiro na cabeça”.
“Estou muito triste, mas vendo o lado bom, eu não terei que ficar contando pra todo mundo, várias vezes a mesma história que nem eu sei o que houve”.
“Esses emails, para mim, foram uma clara maneira de dissimular, mostrar que ela é uma pessoa fria, e mostrar claramente que ela queria resolver a situação de modo a mostrar que o Marcos estava desaparecido ou sequestrado, alguma coisa assim”, diz o promotor José Carlos Cosenzo.
Há dez dias, os pais de Marcos Matsunaga conseguiram na Justiça a guarda provisória da filha do casal. Mas ela continua sob os cuidados de uma tia de Elize, morando no apartamento em que vivia com os pais. Segundo os advogados de Elize, a família de Marcos contratou um laboratório para realizar um exame de DNA na criança para saber se ela é filha do empresário. O material teria sido colhido na quarta-feira.
Repórter: O senhor confirma que esse DNA foi pedido e foi feito?
“Infelizmente, a gente lamenta muito esse fato. Não tinha o menor interesse, a menor necessidade, o Marcos é o pai da menor, mas os avós paternos entenderam por bem, eles têm a guarda legal da criança hoje, entenderam por bem submetê-la a esse lastimável exame”, responde o advogado de Elize, Luciano de Freitas Santoro
Mas os advogados da família de Marcos negam o exame: “Não há razões para pedir, nesse momento, esse exame. Não há nenhuma circunstância que possa sugerir esse interesse. Para o momento, a criança continuará no local onde ela vinha residindo, com a babá que sempre serviu a criança e a tia está lá ajudando a família”, afirma o advogado Braz Martins Neto.
No dia que ela foi presa, eu estava lá trabalhando. Eu falava: ‘meu Deus, não acredito que ela fez isso, a gente trabalhando aqui e tudo, e ela normal, como se não tivesse acontecido nada aqui dentro’.
As informações são do "Fantástico".
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