Soldado do Exército morre com um tiro de pistola a caminho do PDC.
A dura realidade que nasceu de uma utopia.
Capítulo 7 - Surpresa! Dizia
Sérgio:
-
Diga logo, Sérgio?
-
Nilson, curiosidade é um atributo feminino.
-
Deixa de...
-
Vou entrar de Férias junto contigo.
-
Legal! Cara, você conseguiu.
-
Falta uma semana.
-
Já publicaram no BI ( boletim interno) ?
-
Ainda não vi, mas o SD Farias que trabalha na 1a
Seção, disse que tá certo.
-
Parece que a data prevista é 29 de dezembro de 1994.
-
Hoje, graças à Deus é 22.
-
Tá ligado, retrucou Sérgio.
-
Aí tá certo, mano.
Eram 16h45m, logo tocaria ORDEM (toque de
corneta que anuncia o término do expediente), preparavam-se para sair.
Sérgio falou:
-
Vamos à favela?
-
Não sei, acho que vou ao cinema com Juca.
-
Deixa de vacilação, cinema é coisa de otário, o negócio é
ir lupanar as mercenárias.
-
Tá legal, você tem razão.
Sem muito esforço
Sérgio convenceu Nilson, que repentinamente mudou de idéia...pobre juventude.
No caminho
encontraram com Moisés, amigo de Nilson lá do PQMREX, figura de aparência
franzina e voz rouca, o que destacá-lo-ia era a personalidade, um autêntico
cristão que muito ajudou Nilson nas suas dificuldades diárias.
Estava no meio da
praça Tiradentes fazendo um sermão, recitava uma exortação do apóstolo Paulo
aos Gálatas, essa dizia:
“ Porque o que semeia para sua própria carne da carne
colherá corrupção, mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida
eterna... ”
Sérgio zombava de
Nilson falando:
-
Ninguém merece mané, Oh! Vai dizer que vai virar Bíblia ?
-
Deixa de ser debochado Sérgio, Deus tenha misericórdia de
ti.
-
Desculpe-me, não quis ofender ninguém, apenas estou
brincando com você.
-
Promete nunca mais na sua vida ousar brincar com as cousas
de Deus?
-
Prometo, agora vamos.
-
Vamos.
Nilson sabia que por trás desta arrogância,
Sérgio tinha uma atitude pueril, por isso não guardou magoa de seus deboches.
Passou o dia
22,23,24, ... Enfim chegou sexta-feira, sim era o grande dia 29 de dezembro de 1994, agora faltavam poucas
horas.
É faltavam poucas
horas, até que Sérgio decidiu:
-
São 15h, acho que vou no PDC( Palácio Duque de Caxias), com
Estevão e Lucas apanhar combustível, assim mato esse resto de tarde, certo?
-
Acho melhor não ir.
-
Deixa de bobeira Nilson, tá com ciúme.
-
Não, só acho que você poderia ficar aqui ajudando no
conserto do jeep do SB CMT.(Sub Comandante)
-
Não vou demorar fica tranqüilo.
-
Tá legal, hoje é o grande dia.
-
Cuide-se amigo, Deus te abençoe e juízo mano.
O clima vespertino
de verão era propício, o relógio girava aceleradíssimo, de repente.
Nilson que
contemplava o azul celestial do céu, os raios do astro rei que aquecia a terra
e fazia evaporar delirantemente as gotículas que fugiam pelo ladrão daquela
enorme Caixa d’água.
Sim, como num
piscar de olhos, toda formosura apresentada naquela tarde sucumbiu, o céu
transformou-se em trevas, as nuvens tão carregadas e escuras cobriam somente à
Caserna, e Nilson sentiu um tremor, seu coração batia desesperado, as pessoas
caminhavam e ciciavam tanto que simplesmente percebeu algo no ar.
-
SGT Dumas está acontecendo algo?
-
Parece que sim, CB.
-
O que será?
-
Houve um disparo acidental com uma vitima e foi letal.
-
Caramba! Putisss! O Sérgio, não acredito, não acredito.
-
Calma CB.
-
Não pode ser.
-
Eu o avisei, porque não quis me ouvir, que droga...
Vê como são as coisas, Nilson ao constatar o
fato, mal podia acreditar que seu melhor amigo, que apenas algumas horas atrás
caçoava dele, tinha partido e nunca mais voltaria.
Rápido tratou de subir, foi até seu armário
trocou de roupa, e teve a missão mais dolorosa de sua vida.
Teria que ver aquela estrutura física, a
matéria, dissipada pela negligência de pessoas inconseqüentes.
Seu corpo estava jogado numa maca, gelado,
seu rosto roxo e inchado pela falta de oxigenação, a munição havia perfurado
sua cabeça bem na fronte o que deixava bem claro á morte instantânea.
Triste fim desse jovem, não devo
prolongar a melancolia daquela família
que tinha na sua figura um mártir, e se não tivesse está morte estúpida
certamente pereceria nas mãos de seus rivais.
Agora cabe-nos refletirmos: Pois nascemos,
crescemos e morreremos...
Pobre homem, pensa
que É
O vento forte também
É
A água, o Sol, o
Fogo ...
Sim! Viveremos á
procurar?
Talvez, mas tenho
plena convicção,
Existirá um lugar,
Aonde todos, equiparar-se-ão...
Autor: Washington Luiz.
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