Livro: "Coração de vagabundo, está na sola do pé."
"A dura realidade que nasceu de uma utopia".
Capítulo 4 - Quero aqui descrever para que possamos entender a
parte mais melindrosa de toda trama, pois o aquartelamento começa a encaminhá-lo, quem diria para uma cilada, e tenho prazer de usar está
prosa como modo de explanar um dos maiores problemas da juventude.
Fizera CFC ( curso de formação de cabos) e depois
de promovido Nilson conheceu Sérgio que tornou-se um dos seus melhores amigos.
Sérgio disse:
-
Nilson vou encaminhá-lo as coisas boas da vida.O que você
diz: hoje é sexta-feira, vamos dá um rolé (passeio) ?
-
Legal! Nada tenho a fazer depois do expediente, e além do
mais estou de folga este final de semana.
-
Vou mostrar-lhe as maravilhas, ora você é papa goiaba, além
de laranjeira.
-
Que papo e esse cara ?
-
Não se ofenda, esse negócio de papa goiaba é força de
expressão.
-
Sendo assim, tudo bem.
Agora é que a onça
bebê água, sim amigo tudo que ele não precisava era cair nesse laço preparado
pelo destino, trágico desse menino sonhador.
Estamos próximos a
presenciar seu encontro com um mundo promiscuo e ilusório.
Está saída de Nilson com seu colega, foi um
mergulho num pântano, portanto estiveram na favela onde ele morava, e chegando
lá foi logo apresentado ao chefe do tráfico de drogas cujo pseudônimo era
Tonhão.
Tonhão encantou-se com Nilson, viu nele uma
possibilidade de usufruir de sua inocência e óbvio assim espalhar a semente do mal.
Que não seria
outra, de torná-lo viciado e depois influir em toda sua índole.
Tonhão perguntou:
-
Você sabe consertar fuzil?
-
Nilson pensou e respondeu, depende do problema deixa eu dar
uma olhada para você.
-
Sabe qual é, o maçarico, tá engasgando.
-
Sérgio conhecia menos que Nilson, e não se arriscou a
falar.
-
Traz a máquina aqui, anda Peruano.
-
Demorou chefe tá aqui a peça.
-
Valeu, pode olhar Nilson.
-
Num simples manusear, descobriu que o problema era no Êmulo
( peça do fuzil responsável pela mistura dos gases e importantíssima para o bom
rendimento do mesmo), esse seria fácil de resolver bastava uma limpeza e pronto
o fuzil ficaria tinindo.
-
Depois de efetuar a manutenção, pronto pode testar.
-
Peruano traga bala!...Anda mané!
-
Tô ligado chefe.
-
Funcionou! Que beleza!
-
Quanto é o serviço, Nilson?
-
Assim você me ofende.
-
Qualquer dia, hora que precisar pode contar comigo.
Entendeu mano.
-
Valeu.
Tudo era festa vivia à freqüentar bailes
funks e pagodes, essa hora Nilson estava com maior conceito com Tonhão, que
depois de testar o fuzil, viu sua habilidade e convidou-lhe para que fosse
várias vezes á favela.
Nisso foram passando os dias, semanas, meses,
anos...
As coisas estavam
caminhando e Nilson conciliava sua dupla personalidade, durante o dia, agora
promovido à Cabo tinha um posto mais relevante no que permitia uma folga cada
vez maior e também tinha muito conceito na Caserna, a noite freqüentava à
favela permanecia mantida sua convivência com tráfico de drogas.
Nesse período
convém ressaltar, acontecia uma repressão intensa ao tráfico e numa determinada
visita á favela: Nilson estava com um carro emprestado de um sargento que
pediu-lhe para comprar drogas.
Quando de súbito
apareceu um motoqueiro em alta
velocidade de repente a sua frente na rua principal conhecida como Tamanduá. A
mesma com um intenso movimento, cheia de crianças, senhores e senhoras.
Portanto seu
desespero era tanto que só pensou em brecar o automóvel, assim o motoqueiro
caiu a frente do carro.
levantou falando:
-
Qual é da parada meu irmão, tá maluco?
-
Você se machucou?
-
Deixa disso, quero saber como vai ficar meu prejuízo, tá
ligado, eu sou vagabundo mano?
-
Nilson tentou desculpar-se, alegando preocupação com as
pessoas que transitavam naquela rua, mas ele não queria saber continuava
ofende-lo.
-
Minha moto está arranhada, e aí como é, pegou a pistola
para intimidar o pobre Nilson.
-
Quando discutiam apareceu Sérgio que morava na favela.
-
Oque está acontecendo?
-
Este merda aí, arranhou minha moto, agora não quero mais
saber de papo furado vai pagar meu prejuízo tá ligado?
-
Nilson não queria, mas foi obrigado á falar com Tonhão o
que tinha acontecido. E sabia que estava com razão.
-
Tonhão estava dormindo na cachanga (casa escondida),
malocado e ficou muito aborrecido de ter acordado, pois tinha completado duas
noites sem dormir.
-
Que está acontecendo nessa jossa, falou para o Peruano.
-
Sabe qual é chefe, o Esquilo, tá arrumando vacilação na
parada.
-
Que Esquilo?
-
Aquele vaporzinho que trabalha na boca do Farina.
-
Ah! Esse vacilão tá arrumando confusão com quem?
-
Com Nilson, estão todos aí querendo desenrolar com você,
mande somente o Nilson subir?
-
Nilson o chefe tá mandando você subir.
-
Você aguarda aí mané?
-
Nisso o motoqueiro debochava de Nilson vai morrer mané.
-
Logo com Nilson! Meu peixe! Pô, to de saco cheio desse
cara, ele é um mané.
-
Nilson pediu desculpas ao chefão explicou o fato e disse:
eu só evitei um acidente maior.
-
Tá tranqüilo, não precisa se preocupar pelo ocorrido, esse
cara é um vacilão mesmo pode deixar comigo vou queimá-lo no pneu.
-
E ordenou ao Peruano que o fizesse, agora vou dormir.
E assim foi o final trágico desse capítulo, a
morte do motoqueiro, fez com que Nilson viesse a refletir e acabasse entendendo o dito popular mais falado na
favela, (CORAÇÃO DE VAGABUNDO, ESTÁ NA SOLA DO PÉ).
Não percam o próximo capítulo!
Autor: Washington Luiz.
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