Gays não podem doar sangue, mas é proibida a discriminação no Brasil, e agora?
(Divulgação) |
Sabemos que doar sangue pode salvar vidas. Estamos vivendo numa
época em que está cada vez mais escasso o número de doadores, e os hemocentros estão
operando com baixo estoque na maioria das cidades brasileiras.
Mas há quem quer doar sangue e não pode. A proibição está gerando
muita polêmica, um produtor cultural, chamado Danilo França, de 24 anos, decidiu
doar sangue pela primeira vez, mas ele é homossexual. França descobriu que não
poderia doar sangue porque mantém um relacionamento homossexual.
Uma norma nacional considera inapto à doação qualquer homem que
tenha se relacionado sexualmente com outro homem no período de 12 meses. O
mesmo vale para heterossexuais que, no mesmo período, se relacionaram
sexualmente com várias parceiras.
Entidades de defesa dos
direitos dos homossexuais reclamam da restrição e querem reacender o debate
sobre o tema. “A cada fato novo, a gente tem que abrir a discussão. Se a pessoa
usa preservativo e não tem comportamento de risco, não pode ser impedida de
doar”, argumenta Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
A regra do Ministério da Saúde,
que vigora há mais de sete anos e vale para todos os hemocentros, foi baseada
em estudos internacionais que apontam que o risco de contágio pelo vírus da
aids (HIV) é 18 vezes maior nas relações entre homossexuais masculinos, na
comparação com relações entre pessoas heterossexuais. O motivo é a prática do
sexo anal, que aumenta o risco de contaminação por doenças sexualmente
transmissíveis (DST). Foi essa determinação que fez com que a Fundação Centro
de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas) negasse ao produtor cultural
a possibilidade de doar sangue.
O coordenador de Sangue e Hemoderivados do ministério, Guilherme
Genovez, alega que a norma brasileira é avançada quando comparada à legislação
de outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, um homem que tenha tido, no
mínimo, uma relação sexual com outro homem fica proibido de doar sangue pelo
resto da vida. “Acima de tudo, está o direito de um paciente receber sangue
seguro”, alega o coordenador, lembrando que os testes não identificam
imediatamente a presença de vírus em uma bolsa de sangue.
Desde o ano passado, o governo
federal está implantando o NAT, sigla em inglês para teste de ácido nucleico,
para tornar mais segura a análise do sangue colhido pelos hemocentros. O exame
reduz a chamada janela imunológica, que é o período de tempo entre a
contaminação e a detecção da doença por testes laboratoriais. Com o NAT, o
intervalo de detecção do vírus HIV cai de 21 para dez dias. Até agora, 59% do
sangue doado no país passam pelo NAT. A previsão é que a tecnologia chegue a
todos os hemocentros até julho.
*Com informações da Agência Brasil.
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