"Economia Verde"
Tornou-se recorrente no mundo a preocupação em estabelecermos formas sustentáveis de produção.
As lideranças mais responsáveis sejam elas oriundas da administração pública, do meio empresarial ou do terceiro setor, não divergem sobre a necessidade de continuarmos a gerar atividade econômica que permita garantir a sobrevivência de um planeta que passará dos atuais 7 bilhões de habitantes para a casa dos 9 bilhões em um horizonte inferior a 30 anos.
Aliás, 2010 representou um marco no qual pela primeira vez na história da humanidade a população urbana superou a população rural. Isso quer dizer que cada vez mais teremos menos pessoas no campo e mais bocas para alimentar nas cidades.
Esse fato, nos faz refletir sobre o papel da agricultura de uma maneira totalmente inovadora. Não podemos mais encarar o alimento como algo para saciar a fome. Na verdade, ele é fonte de geração de energia para cada uma das máquinas maravilhosas que o ser humano representa.
Assim posto, o assunto relativo a produção agrícola dará chance para que, o chamado terceiro mundo, localizado via de regra abaixo da linha do Equador, seja o grande fornecedor daquela que será a mercadoria mais rara, e por isso mesmo muito cobiçada, pelas economias desenvolvidas: energia sustentável.
Por isso, entendo não haver dilema entre a produção de alimentos e de biomassa, afinal, tudo converge para o mesmo ponto. O Brasil tem dado demonstração de que é capaz de produzir um biocombustível da qualidade do etanol que representa apenas 11% das emissões de gases de efeito estufa da gasolina – um ganho tão evidente que fala por si – porém, usando apenas 1% de sua área agricultável com o plantio de cana de açúcar.
Cai por terra, os argumentos dos adversários do país no plano internacional que levaram anos tentando satanizar o biocombustível brasileiro disseminando mentiras e bobagens como por exemplo: a ocupação da Amazônia com o plantio de cana. A propósito, a única destilaria que ousou desafiar a lógica técnica daquela região, fechou suas portas.
O Brasil tem se revelado tão competitivo em matéria de agronegócio que vem gerando o sentimento em seus concorrentes de que precisam reagir, e eles tem feito isso de várias maneiras, inclusive com a novidade mais discutida do momento que são as chamadas barreiras de responsabilidade sócio ambiental. Tais barreiras, superam em muito a eficiência das chamadas barreiras alfandegárias ou sanitárias.
Estas, o Brasil descobriu a fórmula de contestar em fóruns internacionais como, por exemplo, a OMC – Organização Mundial do Comércio – ou a OIE –
Organização Mundial de Saúde Animal . Já essas novas restrições são difusas e disseminadas diretamente entre os consumidores desses países, gerando pressões contra a aceitação de nossos principais produtos, seja nas cadeias de produção animal ou vegetal, com acusações de que o Brasil como um todo, descumpre legislação ambiental, trabalhista e social.
Somente quem conhece profundamente o cenário das nações, pode avaliar o quanto tais acusações são injustas.
Para não irmos muito longe, basta lembrar que a Europa desmatou quase todo o seu território, assim como os Estados Unidos, e que a China não é exatamente uma “referência” no que tange as relações de trabalho e respeito aos direitos humanos.
Falta portanto autoridade moral para colocar o Brasil neste corner.
Claudia Cataldi é jornalista/apresentadora do programa Responsa Habilidade.
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