Venda de emagrecedores deve ser fiscalizada e não proibida, afirma Endocrinologista.



Em vez de banir os emagrecedores do mercado, é preciso fiscalizar adequadamente o seu uso. Esse é o principal argumento apresentado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Ricardo Meirelles, durante a audiência pública na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o assunto nesta quarta-feira (23), em Brasília.
De acordo com Meirelles, produtos como os anfetamínicos não estariam no mercado há 30 anos se não tivessem alguma utilidade. “O grande problema é que inúmeras vezes o tratamento medicamentoso é usado sem critério, às vezes até por solicitação do próprio paciente”, explicou.
Em relação à sibutramina, o endocrinologista citou nota técnica da própria Anvisa mostrando que, em certos casos, o tratamento prolongado com o medicamento é útil. Para ele, os estudos que levaram à proibição da substância na Europa foram feitos em pacientes com problemas de saúde, que pelas orientações da bula nem deveriam ter sido medicados.
Meirelles afirma que as diretrizes sobre o tratamento farmacológico da obesidade e do sobrepeso são respaldadas em trabalhos científicas e não têm o objetivo de levar os pacientes a ficarem magros, mas garantir uma redução de 5% a 10% do peso corporal para diminuir os riscos de diabetes e doenças cardiovasculares associados ao excesso de peso.
“Tratamento medicamentoso não é panaceia”, declarou o médico. Segundo as diretrizes, deve ser indicado a pacientes com IMC igual ou superior a 30, ou superior a 25 com comorbidades (doenças como diabetes ou do coração) ou com pessoas com circunferência abdominal elevada que não responderam a tentativas de reduzir o peso sem remédios.


“Busca desesperada”

Para a Sbem, a proibição sugerida pela Anvisa só estimularia o mercado negro de medicamentos. Ponto que foi usado como argumento também pelo endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade. “A preocupação de de quem lida com o paciente no dia a dia é em que situação vão ficar aqueles que perderam 10, 20 quilos com os medicamentos e tiveram uma mudança de vida significativa”, alertou. “Vai haver uma procura desesperada, como ocorreu nos países em que houve proibição.”
Durval Ribas, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), também ressaltou a necessidade de se ouvir o paciente na discussão sobre os emagrecedores. “Por que tirar do obeso um arbusto que ele está segurando para cair num precipício?”, questionou. Ele ainda comentou que o excesso de peso é visto como falta de força de vontade, o que é um equívoco: “A partir do momento em que a expressão genética da obesidade se apresenta, não há mais volta”.

O que diz a Anvisa

Segundo a agência, medicamentos que contém sibutramina e dos anorexígenos anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol) devem ser retirados do mercado brasileiro devido aos altos riscos à saúde que podem acarretar. A indicação estaria baseada em estudos científicos e no parecer da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) de 26 de outubro de 2010. No documento, o órgão recomenda o cancelamento dos medicamentos por apresentarem riscos que superam seus benefícios.
Segundo nota técnica da área de farmacovigilância da Anvisa, a sibutramina apresenta baixa efetividade de redução de peso e pouca manutenção de redução de peso em longo prazo. Além disso, estudos indicam possível aumento de risco cardiovascular entre todos os usuários.
Os medicamentos anorexígenos anfepramona, femproporex e mazindol, por sua vez, apresentam graves riscos cardiopulmonares e do sistema nervoso central.  Esses fatores tornam insustentável a permanência destes produtos no mercado, mesmo considerando as melhorias já implantadas no processo de controle da venda destes medicamentos no Brasil.
A nota técnica da Anvisa destaca, ainda, que esses medicamentos não são comercializados em diversos países desenvolvidos por serem considerados medicamentos obsoletos e de elevado risco aos usuários.
Segundo o endocrinologista Márcio Mancini, ex-presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), o documento da Anvisa possui uma série de equívocos e não foi redigido por especialistas em obesidade. (UOL – Ciência e Saúde)

Fonte:JornaldeBarretos

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