BOPE - Os atiradores de elite e suas estratégias certeiras.

Rio de Janeiro - Coragem, paciência e precisão fazem dos atiradores de elite a “arma secreta” do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). São eles que salvam reféns ameaçados por criminosos e fazem a diferença em missões como a que aconteceu no fim de novembro, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.
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Considerado a visão das forças policiais, o sniper passa despercebido nas operações, mas os disparos certeiros não deixam dúvidas de que ele está com a tropa. Os atiradores de elite estão sempre prontos para impedir ações de sequestradores, traficantes ou assaltantes, sem que inocentes sejam feridos. O chamado para fazer parte da maior operação policial da história do Rio de Janeiro, na Vila Cruzeiro, na Penha, e no Complexo do Alemão, foi imediato. A situação era propícia. Os policiais militares e civis, além das Forças Armadas, precisavam de cobertura.
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Fotógrafo: Vanor Correia

 - Os atiradores deram proteção à equipe que estava progredindo no terreno. Foram peças fundamentais na operação. Nós nos posicionamos nos pontos mais avançados e altos das comunidades, além de estarmos também junto com a patrulha de combate. É uma situação diferente trabalhar em favelas, porque há muitas “certeiras”, pequenos buracos feitos em um bloco de concreto de onde os criminosos atiram. Nesse caso, os atiradores inibem a ação dos bandidos, acertando os disparos no mesmo buraco várias vezes - explicou o coordenador dos atiradores de precisão do Bope, sargento Rocca. 

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Fotógrafo: Vanor Correia
 A reconquista de territórios das comunidades do Rio entrou para a lista de missões cumpridas dos atiradores. Os policiais especiais são acionados quando são imprescindíveis para dar um fim a episódios como o de setembro do ano passado, quando uma mulher foi ameaçada em uma farmácia da Tijuca, na Zona Norte do Rio, por um assaltante. Os atiradores entram em ação depois que negociações como essas falham e as vítimas correm risco de morte. Normalmente, os policiais são chamados em situações táticas com reféns, e as ações são minuciosamente planejadas.

- Nós atuamos em duas situações: com os atiradores da unidade de intervenção tática em casos que envolvem reféns e os da equipe operacional para dar cobertura aos policiais no patrulhamento urbano. É preciso se adaptar ao terreno antes de se instalar. Os snipers são responsáveis por repassar toda e qualquer informação em tempo real ao gerente de crise. São eles os primeiros a chegarem ao local. Às vezes chegamos doze horas antes do restante dos policiais para dar detalhes sobre o criminoso. Só agimos quando todas as possibilidades são esgotadas. Nossa meta é preservar vidas sempre - ressaltou Rocca, que está no batalhão há 11 anos.

Para assegurar o sucesso das operações, diariamente, durante quatro horas, quinze homens treinam no estande de tiros da tropa de elite da Polícia Militar. Os disparos, feitos a 100 metros dos alvos, são certeiros. Se tornar um sniper requer perícia e preparo físico, além de saber avaliar bem as situações de perigo. Por isso, são escolhidos “a dedo”. Só depois de dois anos de Bope e quarenta e cinco dias de especialização, os policiais estão oficialmente prontos para assumir seus postos e trabalhar em sincronia com a equipe tática e com os negociadores.

Colete de 25 quilos - com máscara contra gás, granadas, munição e lanterna - fuzil e mira eletrônica que aproxima até 10 vezes a visão do alvo. O sargento Vargas está pronto para fazer seus exercícios diários. Depois de verificar as condições dos equipamentos e colocar os alvos de aferição no campo de tiros, o policial treina até alcançar a perfeição e ficar de prontidão à espera de “sinal verde”. Quando foi escolhido para fazer parte do grupo de atiradores de precisão, há sete anos, Vargas já era disciplinado e perfeccionista. Com o tempo, precisou aperfeiçoar suas qualidades, porque ele sabe que sua dedicação faz a diferença entre a vida e a morte de um cidadão.

- Fico de alerta o ano inteiro. Cumprimos o horário de expediente, mas se acontecer algo somos acionados, seja para salvar reféns ou ocupar comunidades dominados pelo tráfico. Na hora de uma missão, temos que estar muito bem preparados. Antes de apertar o gatilho, fazemos uma série de cálculos. Os tiros são pontuais. O trabalho envolve muita física. Precisamos conferir velocidade da bala e umidade e temperatura do dia. Tudo para sermos os anjos da guarda dos policiais e dos cidadãos civis. Essa é a sensação que temos - revelou o atirador do Batalhão de Operações Policiais Especiais. 

Por Marcelle Colbert
Imprensa RJ
Fotos:  Vanor Correa
Edição: Washington Luiz

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