Automedicação infantil o risco é maior e pode ser fatal

Médico alerta para perigo de deixar medicamentos ao alcance de crianças, que respondem por quatro em cada dez casos de intoxicações farmacológicas.

O uso de medicamentos em crianças sem indicação clínica pode levar à intoxicação e até ser fatal. De acordo com o Dr. Edson Liberal, médico pediatra e presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), mesmo em doses corretas, a automedicação infantil pode trazer graves consequências para a criança e efeitos colaterais indesejáveis.

"A automedicação em si já é uma situação perigosa. Em crianças o risco é maior ainda", alerta o especialista. Ele cita situações em que as intoxicações podem acontecer quando a utilização de remédios se faz por conta própria - como quando os pais indicam e administram medicamentos nos filhos -, e nos casos em que a criança ingere o medicamento inconscientemente, pensando ser bala, por exemplo. "Comprimidos coloridos e líquidos atraentes chamam a atenção das crianças, por isso o cuidado deve ser redobrado", acredita.

Segundo o último levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), em 2008 foram intoxicadas pelo uso incorreto de medicamentos 9.956 crianças de 0 a 9 anos - o que representa aproximadamente 38% dos casos de intoxicações farmacológicas. "Nos casos de administração incorreta é necessário entrar em contato com um centro de intoxicação e com o médico e, se necessário, levar a criança para atendimento", salienta.

"Há uma tendência em administrar medicamentos indiscriminadamente, como aqueles para tosse ou resfriado. É ainda uma questão cultural", aponta o Dr. Liberal. O hábito de ter 'farmácias caseiras' também não é recomendado. "Quanto menos medicamentos em casa, melhor. Eles devem ser mantidos longe do alcance das crianças".

Os pais devem estar sempre em alerta para não facilitar o acesso das crianças aos medicamentos. Para o Dr. Liberal, a variação das consequências é ampla e pode, inclusive, levar à morte, pois alguns medicamentos têm efeitos colaterais severos. "No caso de ocorrer interações medicamentosas o resultado pode ser ainda mais perigoso", ressalta. "Alguns remédios, quando utilizados simultaneamente, podem potencializar a ação do outro ou até causar a perda do efeito", completa.

No caso dos medicamentos homeopáticos - que não são agressivos e não possuem contraindicações para crianças -, também é importante que sejam recomendados por um médico, seja ele homeopata ou alopata. "Todos os profissionais de medicina estão aptos a indicar medicamentos, por isso devem ser consultados em casos de necessidade", ressalta o Dr. Liberal.

Após recomendação médica, dica para dar remédios às crianças:

Conversar: é importante explicar que o remédio é bom para que ela melhore. Explicar sempre estando atento para o nível de desenvolvimento da criança

Importante: Nunca associar o medicamento a balas ou doces. A criança pode associá-los e querer fazer uso do remédio indevidamente.


Edição: Washington Luiz
Fonte: Recebido via e-mail - Sra. Monica Giacomini

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