Pastor volta atrás e não mais queimará o livro sagrado dos muçulmanos

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Por Agência Estado com informações da BBC - O pastor americano que havia planejado queimar exemplares do Alcorão neste sábado, para marcar o nono aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001, disse que suspendeu o protesto.

Inicialmente, Jones, responsável por uma congregação de cerca de 50 fieis em Gainesville, no Estado da Flórida, tinha dito em uma coletiva de imprensa que teria concordado em cancelar o evento.


Mas mais tarde ele disse que tinha apenas suspendido a ação, porque teria sido "enganado" sobre um possível acordo para mudar a construção de um centro islâmico em Nova York.


Na coletiva, Jones tinha dito que queria cancelar o evento de sábado após chegar a um acordo com o clérigo muçulmano Feisal Abdul Rauf, responsável pelo projeto de construção de um centro islâmico próximo ao Marco Zero - local dos ataques de 2001 em Nova York.


No entanto, um representante do centro islâmico negou qualquer acordo e disse que não há planos de desistir da construção do centro islâmico no local.


"O projeto vai prosseguir como planejado. O que está sendo divulgado na imprensa hoje (quinta-feira) é falso", disse o porta-voz Sharif El-Gamal, sobre a possibilidade de o projeto do centro cultural ser transferido para outro local.


Protestos


Os planos do pastor, que havia batizado o evento de sábado de "Dia Internacional de Queima ao Alcorão", provocaram reações de líderes políticos e religiosos dentro e fora dos Estados Unidos.


O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse, se realizada, a queima será "uma afronta " e um insulto a todos os muçulmanos.


Na quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, disse em entrevista à rede ABC que a iniciativa de Jones poderia estimular atos extremistas contra os Estados Unidos.


"Pode aumentar o recrutamento de indivíduos dispostos a se explodir em cidades americanas e europeias", disse Obama.


"Podemos ter graves episódios de violência no Paquistão e no Afeganistão", afirmou.


O presidente disse ainda que o plano de Jones é contrário aos valores americanos e às noções de tolerância e liberdade religiosa sobre as quais o país foi construído.


Horas antes de Terry Jones anunciar que suspenderia a queima do Alcorão, o Departamento de Estado americano fez um alerta aos cidadãos do país para a possibilidade de ações anti-EUA ocorrerem em diversas partes do mundo, caso a queima ocorresse no dia 11 de setembro.


"Manifestações, algumas violentas, já aconteceram em diversos países, incluindo Afeganistão e Indonésia", afirma o alerta divulgado nesta quinta-feira, que tem como alvo principal os americanos que pretendem viajar para o exterior.


Um dia antes, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já havia chamado o plano do pastor de "vergonhoso" e dito que Jones não representa os americanos ou o governo americano.


O comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, general David Petraeus, também já havia afirmado que o ato poderia colocar em risco a vida de soldados americanos no país.


Centro islâmico


Os planos de construção do centro cultural islâmico Cordoba House próximo ao local dos ataques de 11 de setembro também tem provocado polêmica nos Estados Unidos.


Uma pesquisa divulgada na quarta-feira pela ABC News e pelo jornal The Washington Post revelou que dois terços dos entrevistados são contra a construção no local.


A mesma pesquisa indica que 49% dos americanos afirmam ter opiniões desfavoráveis em relação ao Islã, o percentual mais alto desde outubro de 2001.


Jones proferiu suas declarações nesta quinta-feira ao lado de um representante da Fundação Islâmica do Centro da Flórida, Muhammad Musri.


Musri disse que vai acompanhar Jones a Nova York para discutir a mudança de local do centro cultural.



"Estamos comprometidos em esclarecer a situação aqui e lá", afirmou Musri

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