Agência Estado - Em entrevista ao Jornal Nacional na noite de ontem, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, reforçou sua ligação com o presidente Lula, mas - simultaneamente - prometeu fazer um governo autônomo se eleita. "O meu projeto é dar continuidade ao governo do presidente Lula. Mas não é repetir. É avançar e aprofundar", disse.
Direta e aparentemente bem mais tranquila que no debate da Rede Bandeirantes, do qual participou na última quinta-feira, a petista foi questionada pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes sobre seu preparo para governar, já que sua candidatura foi uma criação de Lula.
Ao destacar que foi "coordenadora do governo e a primeira mulher a ocupar a Casa Civil, o segundo cargo mais importante na hierarquia do governo federal", Dilma afirmou: "Participei diretamente com o presidente, fui o braço direito e esquerdo dele neste processo de transformar o Brasil num país diferente, um país que cresce, que distribui renda". Disse ainda que tem experiência administrativa suficiente e que conhece o Brasil "de ponta a ponta".
Cerca de 49% dos televisores ligados na Grande São Paulo estavam sintonizados na Globo durante a entrevista. A média da audiência na região foi de 33 pontos - cada ponto equivale a cerca de 55 mil residências. A entrevista, que começou com audiência de 32,7 pontos, aumentou gradualmente para 33,3 pontos ao final dos 12 minutos de sua duração. Considerando o cálculo do Ibope de quatro pessoas por residência, estima-se que mais de 1,8 milhão de pessoas a assistiram só na Grande São Paulo.
Segundo a ex-ministra, sua forte relação política com Lula não é prejudicial. "Pelo contrário. Vejo que até é um fator muito positivo, porque ele é um grande líder reconhecido no mundo inteiro."
Em um claro tropeço, Dilma colocou a "Baixada Santista no Rio (de Janeiro)".
Ao ser questionada sobre seu "temperamento duro", a candidata afirmou que "é firme" e "não vacila" quando chamada a resolver problemas do povo. A petista afirmou que, por ter ocupado o cargo de ministra da Casa Civil, tem condições de promover o diálogo, sobretudo com os movimentos sociais. "Nós negociamos, mas também sabemos fazer valer a nossa autoridade", disse, reforçando que não vai tolerar ilegalidades.
"Dona de casa". Diante da insistência dos apresentadores sobre a afirmação feita pelo presidente Lula de que já havia "maltratado" alguns de seus ministros, Dilma afirmou que seu papel no governo era cobrar metas, e comparou a função à de uma dona de casa e mãe, que estimula e cobra resultados. "Tem uma hora que tem que cobrar. Imagina lá na sua casa", respondeu a Fátima Bernardes.
Alianças. A candidata também foi inquirida sobre aliados de hoje, como Jader Barbalho, Renan Calheiros, José Sarney e Fernando Collor de Mello, que no passado o PT criticou e condenou. Dilma admitiu que o PT, hoje, acumula uma experiência de governo distinta da do passado. "O PT acertou quando percebeu que governar um país com a complexidade do Brasil implica necessariamente a capacidade de construir uma aliança ampla."
Ela tentou justificar as alianças por causa de um projeto maior do governo Lula, que é o foco nas questões sociais. Afirmou que as alianças não significam adesão ao pensamento dos aliados.
Ao comentar sobre a situação econômica do País, Dilma previu um crescimento sólido até 2014 e fez críticas ao governo FHC. "Quando chegamos no governo a inflação estava fora de controle", alfinetou.
"Fui o braço direito e esquerdo dele (Lula) neste processo de transformar o Brasil num país diferente"
"Eu me considero preparada. Tenho experiência. Conheço o Brasil de ponta a ponta"
"Uns dizem que eu sou uma mulher forte, outros dizem que eu tenho tutor"
"No papel de cuidar do governo é meio como se a gente fosse mãe. Tem uma hora que tem de cobrar. Tem outra que tem de incentivar"
"O PT acertou quando percebeu que governar implica a sua capacidade de construir aliança ampla"
"O PT aprendeu muito, mudou, porque a capacidade de mudar é importante"
Altos...
1. Elegante, a candidata respondeu a todas as perguntas com menos números e sem gaguejar
2. Aproveitou as perguntas para associar sua candidatura ao governo Lula, o que não fez na Band
3. Saiu-se bem em questões difíceis como a escolha de seu nome e a aliança com Sarney, Collor e outros
e Baixos
1. Sorriso artificial, claramente orientado por assessores, era quase forçado em alguns momentos
2. Cometeu grave erro geográfico, aparentemente por nervosismo, ao citar a "Baixada Santista aqui no Rio"
3. Nervosa no final da entrevista, não tirou proveito da despedida para falar com ênfase e emoção ao eleitor
As informações são do Jornal Estadão de São Paulo
Edição: Washington Luiz
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