Adultério pode ser considerado uma falha individual?
Imagem reprodução Ur-
O adultério é uma prática que desde os primórdios da humanidade foi considerada desleal. Ele é uma prova concreta de infidelidade, o que deixa claro se tratar de um péssimo testemunho diante da sociedade os que tal ato praticam. Aqui no Brasil, por exemplo, sabemos que para alguns adulterar não é mais considerado crime. Uma parte da sociedade prefere aceitar tal prática como "fraqueza da carne", embora a maior parte dos crimes passionais esteja ligada ao adultério. No entanto, seria o adultério um delito individual? Culpar e condenar somente uma parte envolvida no ato é justo?
Reportagem - Acusada de adultério, iraniana foi condenada à morte por apedrejamento, método de execução agora alterado para enforcamento– Quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Dessa forma, conta a Bíblia, Jesus desafiou um grupo de pessoas e as convenceu a não matar a pedradas uma mulher adúltera, como estavam prestes a fazer. As cenas, embora ambientadas 2 mil anos atrás, são bastante atuais. No lugar de Jesus, porém, são anônimos, políticos e celebridades de todo o mundo a bradar pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma iraniana condenada pela Justiça de seu país, em pleno século 21, a morrer apedrejada.
Aos 43 anos, Sakineh é acusada de cometer adultério com dois homens e, desde maio de 2006, divide uma cela com outras 25 mulheres acusadas de homicídio na prisão de Tabriz, no noroeste do Irã. Originalmente, ela havia sido sentenciada a receber 99 chicotadas (o que já foi executado), mas seu caso foi reaberto quando a Justiça iraniana a acusou de ter matado o marido. Ela foi inocentada desse crime, mas a pena relativa ao adultério foi revista, e a iraniana acabou sentenciada à pena capital, em 2007.
– Durante o trajeto de 15 minutos até o tribunal, ela estava apenas preocupada com os filhos, mas não estava esperando nada perto de apedrejamento. Por dias, ela parecia um fantasma, vagando em choque, mas quando voltou a si, só chorava. Eu não a vi sem chorar até o último dia em que passei com ela na prisão – relatou a ativista política Shahnaz Gholami, antiga companheira de prisão de Sakineh.
Documentos obtidos pelo Comitê Iraniano contra o Apedrejamento mostram que dois dos cinco juízes que trataram do caso de Sakineh concluíram não haver evidências de adultério.
– É chocante. Ela foi sentenciada a morrer apedrejada porque três juízes acham, apenas acham, que ela teve um relacionamento fora do casamento – disse Mayram Namazie, do comitê.
O anúncio de que a aplicação da pena poderia ser iminente despertou uma grande mobilização internacional, e países como França, Grã-Bretanha e EUA criticaram a decisão de Teerã. Um abaixo-assinado aberto há cerca de um mês na internet deu impulso mundial à campanha. O documento conta com mais de 540 mil assinaturas. Diante de tanta exposição, as autoridades iranianas mudaram o método de execução, para enforcamento. Os prisioneiros no corredor da morte são informados de quando serão mortos somente pouco antes da execução, aumentando seu sofrimento e o da família. Às vezes, seus advogados não são informados sobre a data com 48 horas de antecedência, como determina a lei iraniana.
Após proibir os filhos de Sakineh de falar com a imprensa e impedir a mídia do país de repercutir o caso, o governo do Irã foi atrás do advogado da iraniana, o conhecido ativista dos direitos humanos Mohammad Mostafai. Ele está desaparecido desde o início da semana, após as autoridades de Teerã terem emitido um mandado de prisão contra ele.
Desde 2006, sete mulheres morreram por apedrejamento
Mesmo que o apedrejamento tenha sido suspenso, Sakineh não era a única nesta situação no corredor da morte iraniano – ao menos 11 pessoas estão na fila para serem apedrejadas no Irã, oito delas mulheres, segundo a Anistia Internacional. Desde 2006, sete mulheres foram mortas dessa forma no país.
A retirada do apedrejamento do sistema legal iraniano é uma reivindicação de longa data, inclusive da parte de alguns líderes religiosos, que consideram esse método de execução prejudicial à imagem do Islã. Sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad, contudo, a violação dos direitos humanos no Irã só piorou, uma vez que a ala mais conservadora tomou conta do Judiciário, garante a advogada e ativista de direitos humanos Mehrangiz Kar, que durante 22 anos advogou no Irã:
– O apedrejamento surgiu no Irã como método de execução penal apenas em 1979, com a Revolução Islâmica. Antes disso nunca houve um caso de apedrejamento em nosso país, ao contrário do que muitas pessoas possam pensar.
Nesta sexta-feira, o Comitê Iraniano contra o Apedrejamento divulgou mensagens de Sakineh, agradecendo ao mundo pela mobilização em seu favor. Ela também compartilhou seu pesadelo:
– Todas as noites antes de dormir, eu penso: quem vai jogar as pedras em mim?
Com informações do site Zero Hora
Reportagem - Acusada de adultério, iraniana foi condenada à morte por apedrejamento, método de execução agora alterado para enforcamento– Quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Dessa forma, conta a Bíblia, Jesus desafiou um grupo de pessoas e as convenceu a não matar a pedradas uma mulher adúltera, como estavam prestes a fazer. As cenas, embora ambientadas 2 mil anos atrás, são bastante atuais. No lugar de Jesus, porém, são anônimos, políticos e celebridades de todo o mundo a bradar pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma iraniana condenada pela Justiça de seu país, em pleno século 21, a morrer apedrejada.
Aos 43 anos, Sakineh é acusada de cometer adultério com dois homens e, desde maio de 2006, divide uma cela com outras 25 mulheres acusadas de homicídio na prisão de Tabriz, no noroeste do Irã. Originalmente, ela havia sido sentenciada a receber 99 chicotadas (o que já foi executado), mas seu caso foi reaberto quando a Justiça iraniana a acusou de ter matado o marido. Ela foi inocentada desse crime, mas a pena relativa ao adultério foi revista, e a iraniana acabou sentenciada à pena capital, em 2007.
– Durante o trajeto de 15 minutos até o tribunal, ela estava apenas preocupada com os filhos, mas não estava esperando nada perto de apedrejamento. Por dias, ela parecia um fantasma, vagando em choque, mas quando voltou a si, só chorava. Eu não a vi sem chorar até o último dia em que passei com ela na prisão – relatou a ativista política Shahnaz Gholami, antiga companheira de prisão de Sakineh.
Documentos obtidos pelo Comitê Iraniano contra o Apedrejamento mostram que dois dos cinco juízes que trataram do caso de Sakineh concluíram não haver evidências de adultério.
– É chocante. Ela foi sentenciada a morrer apedrejada porque três juízes acham, apenas acham, que ela teve um relacionamento fora do casamento – disse Mayram Namazie, do comitê.
O anúncio de que a aplicação da pena poderia ser iminente despertou uma grande mobilização internacional, e países como França, Grã-Bretanha e EUA criticaram a decisão de Teerã. Um abaixo-assinado aberto há cerca de um mês na internet deu impulso mundial à campanha. O documento conta com mais de 540 mil assinaturas. Diante de tanta exposição, as autoridades iranianas mudaram o método de execução, para enforcamento. Os prisioneiros no corredor da morte são informados de quando serão mortos somente pouco antes da execução, aumentando seu sofrimento e o da família. Às vezes, seus advogados não são informados sobre a data com 48 horas de antecedência, como determina a lei iraniana.
Após proibir os filhos de Sakineh de falar com a imprensa e impedir a mídia do país de repercutir o caso, o governo do Irã foi atrás do advogado da iraniana, o conhecido ativista dos direitos humanos Mohammad Mostafai. Ele está desaparecido desde o início da semana, após as autoridades de Teerã terem emitido um mandado de prisão contra ele.
Desde 2006, sete mulheres morreram por apedrejamento
Mesmo que o apedrejamento tenha sido suspenso, Sakineh não era a única nesta situação no corredor da morte iraniano – ao menos 11 pessoas estão na fila para serem apedrejadas no Irã, oito delas mulheres, segundo a Anistia Internacional. Desde 2006, sete mulheres foram mortas dessa forma no país.
A retirada do apedrejamento do sistema legal iraniano é uma reivindicação de longa data, inclusive da parte de alguns líderes religiosos, que consideram esse método de execução prejudicial à imagem do Islã. Sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad, contudo, a violação dos direitos humanos no Irã só piorou, uma vez que a ala mais conservadora tomou conta do Judiciário, garante a advogada e ativista de direitos humanos Mehrangiz Kar, que durante 22 anos advogou no Irã:
– O apedrejamento surgiu no Irã como método de execução penal apenas em 1979, com a Revolução Islâmica. Antes disso nunca houve um caso de apedrejamento em nosso país, ao contrário do que muitas pessoas possam pensar.
Nesta sexta-feira, o Comitê Iraniano contra o Apedrejamento divulgou mensagens de Sakineh, agradecendo ao mundo pela mobilização em seu favor. Ela também compartilhou seu pesadelo:
– Todas as noites antes de dormir, eu penso: quem vai jogar as pedras em mim?
Com informações do site Zero Hora
Edição e comentários:Washington Luiz
Comentários
Postar um comentário
Não divulgamos links.Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do Momento Verdadeiro.