Novos tremores e o clima desfavorável dificultam os resgates na China. O número de mortos aproxima-se de 617.

INTERNACIONAL
Foto:Reuters
BBC

Equipes de resgate na China estão enfrentando fortes ventos, frio, ar rarefeito e tremores secundários na busca por sobreviventes do terremoto que deixou pelo menos 617 mortos e 9.110 feridos na província de Qinghai, informaram as autoridades.

Pelo menos 313 pessoas continuam desaparecidas e o número de mortos ainda pode subir. Escavadeiras e outros equipamentos pesados chegaram à cidade de Jiegu nesta quinta-feira, onde mais de 85% dos prédios foram destruídos.

Pelo menos 750 tremores secundários foram registrados na região. Apesar das condições desfavoráveis, equipes de resgate passaram a noite trabalhando, muitos deles trabalhando usando apenas as próprias mãos, na busca por sobreviventes sob os escombros.

Voos transportando equipes médicas e suprimentos estão chegando ao aeroporto de Yushu, mas a estrada que conecta a cidade, a 4.000 metros de altura, foi bloqueada por um deslizamento de terra causado pelo tremor.

Segundo as autoridades da prefeitura do condado de Yushu, na província de Qinghai, 15 mil prédios residenciais foram derrubados pelo sismo e cerca de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas – a maioria delas passou a noite ao relento. Várias escolas foram derrubadas e pelo menos 56 estudantes morreram.
Com as mãos

As operações de resgate também foram prejudicadas pelos cortes de energia e de telecomunicações e pelos deslizamentos de terra causados pelo tremor.

O presidente chinês, Hu Jintao, pediu que todos os esforços se concentrem em resgatar os sobreviventes e cerca de 5.000 pessoas – entre elas 700 soldados – participam das operações.

Cerca de 900 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros desde o terremoto, cuja magnitude foi registrada como de 6,9 pelo US Geological Survey e de 7,1 por cientistas chineses.

O Ministério para Assuntos Civis afirmou ter enviado 5 mil barracas, 50 mil casacos e 50 mil cobertores para a região.

O aeroporto de Xining, capital da província de Qigham, a cerca de 800 quilômetros da região do epicentro do terremoto, suspendeu os voos comerciais para se dedicar exclusivamente aos esforços de ajuda para a zona afetada.
Em Jiegu, o diretor de hotel Ren Yu disse que a cidade parece uma zona de guerra.
“Está uma bagunça completa”, disse ele.

“À noite, as pessoas gritavam e choravam. Mulheres choravam por suas famílias. Algumas pessoas quebraram a perna ou o braço, mas tudo o que conseguem agora é uma injeção. Elas choravam de dor.”
Enquanto as autoridades locais buscam abrigo temporário para as dezenas de milhares de desabrigados, a meteorologia prevê mais frio e vento forte para os próximos dias.

A região de Yushu é propensa a terremotos, mas segundo a US Geological Survey, este foi o tremor mais forte num raio de 100 km na área, desde 1976.
Em 2008, um grande terremoto na província vizinha de Sichuan causou a morte de 87 mil pessoas e deixou cinco milhões de desabrigados.

Edição: Washington Luiz

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