Julgamento do casal Nardoni - A disputa técnica e o dia da decisão

Momento VerdadeiroRoberto Podval -Advogado de defesa do casal Nardoni

O júri popular e sua composição - Três homens, um eletricista e dois universitários. Quatro mulheres, uma arquiteta, técnica em vendas, auxiliar de cobrança e publicitária – em seus ombros uma grande responsabilidade absolver ou condenar.

Após dois anos de muita tristeza e revolta o povo brasileiro que vem acompanhando ansiosamente o julgamento do casal Nardoni está próximo de ver o capítulo final dessa trágica história. O veredicto dos jurados sobre o casal enfim, poderá ser dado na noite desta sexta-feira (26) ou até na madrugada de sábado (27).

Hoje (26/03) é o quinto dia consecutivo de julgamento, onde já está traçado uma disputa técnica acirrada entre o promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval. Serão duas horas e meia para cada um fazer suas apresentações na tentativa de convencer os jurados da culpa ou inocência do casal na morte de Isabella Nardoni na noite de 29 de março de 2008. Em seguida, a acusação terá direito à uma hora e meia de réplica seguida por mais uma hora e meia de tréplica para a defesa.

Resumo do quarto dia.

Ontem o julgamento começou com as expectativas em torno dos depoimentos de Alexandre Nardoni, o primeiro a falar, e de Anna Carolina Jatobá. O pai de Isabella começou a ser interrogado pelo juiz Maurício Fossen às 10h45. Depois, respondeu às perguntas da acusação e, finalmente, as da defesa.

Durante o depoimento, chorou ao falar da filha. “Foi o pior dia da minha vida. Eu perdi tudo de mais valioso. Perdi a noção do que estava acontecendo.” A emoção de Nardoni durante o interrogatório sensibilizou os jurados.

Ele disse ainda que a polícia sugeriu que ele assumisse o crime durante as investigações. Nardoni se disse “indignado”, porque, para ele, isso demonstrou que a “a polícia não queria descobrir” o que de fato ocorreu no edifício London, onde Isabella morreu. O depoimento dele terminou às 16h25, permeado por um intervalo para almoço.

Anna Carolina Jatobá começou a depor em seguida e seu interrogatório foi encerrado às 20h45. Mais nervosa do que Alexandre, ela já entrou chorando no plenário e chegou a ser advertida pelo juiz para que falasse mais devagar. Bastante emocionada durante o seu depoimento, a madrasta de Isabella continuou chorando em vários momentos diante do júri. Para várias perguntas feitas a ela pela acusação, Jatobá repetiu uma resposta padrão: “Não me recordo”.

Admitiu ter "inventado" e "aumentado" alguns fatos à polícia em depoimento na época da morte da garota.

Questionada pelo promotor Francisco Cembranelli sobre o fato de não ter mencionado em seu primeiro depoimento à polícia que havia perdido a chave do apartamento, ela afirmou que não falou sobre isso porque estava nervosa e porque “esqueceu”. Por diversas vezes, o promotor apontou contradições entre o primeiro e o segundo depoimentos dados por ela à polícia na época da morte de Isabella.

Anna Jatobá também afirmou que não é uma pessoa violenta. “Eu nunca bati em ninguém. Nunca fui violenta.” Ela contou que antes de o filho mais velho nascer, ela e Alexandre brigavam muito. “Depois de ter meu filho, amadureci”, contou.

No depoimento, ela se referiu à mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, como “Carol”. Mas também afirmou que a mãe da menina vivia a “infernizando”.

Além disso, ela negou que houvesse uma fralda no carro do casal. “Queria deixar uma coisa bem clara: não tinha fralda nenhuma no carro. A bolsa dos meninos estava no porta-malas do carro", afirmou.

Questionada sobre o fato de não ter imediatamente ligado para a polícia, deu resposta similar à de Alexandre. “É de praxe tudo o que acontece eu e o Alexandre ligarmos para nossos pais. Na hora do desespero, a única coisa que pensamos foi ligar para nossos pais”, disse. E completou: “Quando a gente desceu, disseram que já tinham chamado o resgate”.

Antes de encerrar seu interrogatório, Anna Carolina Jatobá disse que até hoje não sabe o que ocorreu no dia da morte de Isabella. “É um mistério para o mundo inteiro e para mim também. Eu me pergunto todos os dias o que aconteceu”, afirmou a madrasta da menina, desatando a chorar logo depois.

Edição e comentários: Washington Luiz / Fonte: G1

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