“Barreira de silêncio” – Diretriz do Vaticano
ReproduçãoDivulgação/Estadão
Regras de sigilo do Vaticano prejudicam as investigações dos promotores sobre os casos de abuso sexual de crianças por clérigos católicos na terra natal do papa. Durante entrevista a uma rádio alemã a ministra da Justiça da Alemanha citou nesta segunda-feira a diretriz 2001, ela determina que mesmo os casos mais sérios de abusos deveriam ser primeiro investigados internamente. O Vaticano disse que não vai comentar as críticas da ministra Sabine Leutheusser-Schnarrenberger sobre o que ela chama de "barreira de silêncio".
Escândalos sobre abuso sexual contra menores cometidos por clérigos católicos e acobertados pela hierarquia da igreja surgiram em todo o mundo nas últimas duas décadas, incluindo casos recentes na Alemanha e nos Países Baixos. No mês passado, o papa reuniu-se no Vaticano com bispos irlandeses, cuja igreja tem sido atingida por acusações de décadas de abusos sistemáticos, sexuais e físicos, contra menores em escolas católicas, orfanatos e outras instituições dirigidas por ordens religiosas.
Bento XVI tem uma reunião marcada neste semana com o líder da conferências de bispos da Alemanha. Leutheusser-Schnarrenberger lamentou que no caso de abusos em escolas católicas, a diretriz de 2001 tenha sido um empecilho para as investigações. A regra, ditada pela Congregação para a Doutrina da Fé, diz que "mesmo casos sérios de abusos devem primeiro ser submetidos à confidencialidade papal e não devem ser divulgadas fora da igreja".
Essa diretriz foi promulgada pelo papa João Paulo II, cujo papado foi ofuscado por acusações de que integrantes do Vaticano falharam em confrontar os casos de abuso de forma mais agressiva. A ministra alemã expressou seu descontentamento com o fato de a diretriz pedir investigações internas e não a convocação de um promotor "o mais cedo possível".
Há anos, a ministra é a presidente honorária de uma associação que luta contra o abuso sexual de crianças e fornece ajuda às vítimas. Um importante grupo ativista católico, o Nós Somos a Igreja, pede que o papa, que foi professor de teologia na Alemanha, declare se houve abusos durante seu período como bispo em Munique e Freising entre 1977 e 1981.
Na semana passada, a diocese de Regensburg informou que um ex-cantor do coral da igreja, que mais tarde foi dirigido pelo irmão mais velho do papa, Georg, apresentou acusações de abuso sexual no início da década de 1960. Georg Ratzinger disse que as acusações de abuso não compreendem o período de 30 anos no qual ele dirigiu o coral.
Os ministros da Educação e da Família disseram que planejam reuniões envolvendo escolhas, a igreja e outros representantes da sociedade para encontrar meios de detectar, prevenir e lidar com abusos futuros. A primeira reunião está marcada para 23 de abril. Recentemente, também foram apresentados casos de abuso em escolar não religiosas na Alemanha.
Nos Países Baixos, o bispo de Roterdã, Ad van Luyn, pediu desculpas às vítimas e solicitou uma investigação independente sobre os abusos cometidos contra crianças por padres depois que 200 supostas vítimas terem entrado em contado com serviços de ajuda por telefone na semana passada. O que começou como acusações de incidentes em um único mosteiro no mês passado se espalhou rapidamente pelo país.
Edição: Washington Luiz / Fonte: Associated Press.
Escândalos sobre abuso sexual contra menores cometidos por clérigos católicos e acobertados pela hierarquia da igreja surgiram em todo o mundo nas últimas duas décadas, incluindo casos recentes na Alemanha e nos Países Baixos. No mês passado, o papa reuniu-se no Vaticano com bispos irlandeses, cuja igreja tem sido atingida por acusações de décadas de abusos sistemáticos, sexuais e físicos, contra menores em escolas católicas, orfanatos e outras instituições dirigidas por ordens religiosas.
Bento XVI tem uma reunião marcada neste semana com o líder da conferências de bispos da Alemanha. Leutheusser-Schnarrenberger lamentou que no caso de abusos em escolas católicas, a diretriz de 2001 tenha sido um empecilho para as investigações. A regra, ditada pela Congregação para a Doutrina da Fé, diz que "mesmo casos sérios de abusos devem primeiro ser submetidos à confidencialidade papal e não devem ser divulgadas fora da igreja".
Essa diretriz foi promulgada pelo papa João Paulo II, cujo papado foi ofuscado por acusações de que integrantes do Vaticano falharam em confrontar os casos de abuso de forma mais agressiva. A ministra alemã expressou seu descontentamento com o fato de a diretriz pedir investigações internas e não a convocação de um promotor "o mais cedo possível".
Há anos, a ministra é a presidente honorária de uma associação que luta contra o abuso sexual de crianças e fornece ajuda às vítimas. Um importante grupo ativista católico, o Nós Somos a Igreja, pede que o papa, que foi professor de teologia na Alemanha, declare se houve abusos durante seu período como bispo em Munique e Freising entre 1977 e 1981.
Na semana passada, a diocese de Regensburg informou que um ex-cantor do coral da igreja, que mais tarde foi dirigido pelo irmão mais velho do papa, Georg, apresentou acusações de abuso sexual no início da década de 1960. Georg Ratzinger disse que as acusações de abuso não compreendem o período de 30 anos no qual ele dirigiu o coral.
Os ministros da Educação e da Família disseram que planejam reuniões envolvendo escolhas, a igreja e outros representantes da sociedade para encontrar meios de detectar, prevenir e lidar com abusos futuros. A primeira reunião está marcada para 23 de abril. Recentemente, também foram apresentados casos de abuso em escolar não religiosas na Alemanha.
Nos Países Baixos, o bispo de Roterdã, Ad van Luyn, pediu desculpas às vítimas e solicitou uma investigação independente sobre os abusos cometidos contra crianças por padres depois que 200 supostas vítimas terem entrado em contado com serviços de ajuda por telefone na semana passada. O que começou como acusações de incidentes em um único mosteiro no mês passado se espalhou rapidamente pelo país.
Edição: Washington Luiz / Fonte: Associated Press.
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