Enterro rápido no Haiti dificulta contagem dos mortos.



BBC-Brasil

Olá amigos e amigas leitores, nossos olhos tem visto cenas muito triste no Haiti. Devemos orar para que Deus ajude esses irmãos nesse momento tão dificil. Estava pensando, pior que perder qualquer coisa material é perder seu ente querido. E até agora, 70 mil corpos foram enterrados em valas comuns após o terremoto que atingiu o país na última terça-feira.

Isso torna impossível o luto pelos familiares. E impossível saber quantas pessoas morreram. É uma pena, porque o risco é absolutamente mínimo, a menos que já existam doenças na população. Cadáveres encontrados após desastres naturais não são uma ameaça à saúde pública.

No momento de sua morte, essas pessoas deveriam estar, em sua maioria, sadias", explicou o professor de saúde pública e ajuda humanitária Egbert Sondorp, da mesma escola. "O que é preciso é um cuidado ao manusear estes corpos, tomar precauções. Mas eles não representam um risco."

Nicholas Young, diretor-executivo da Cruz Vermelha Britânica e membro do Disasters Emergency Committee, concorda: "Há um mito de que os corpos têm que ser enterrados rapidamente, o que frequentemente leva a eles serem colocados em valas comuns sem nenhum tipo de identificação".

No ano passado, o braço panamericano da Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu um manual destinado a pessoas que atuam nos serviços de resgate de corpos após catástrofes naturais, e que destaca que "são os sobreviventes que tendem a ser fontes de infecções".

O documento foi elaborado depois que grandes desastres como o tsunami na Ásia, em 2004, e o furacão Katrina nos Estados Unidos, em 2005, fizeram a entidade ver que faltavam informações sobre como os profissionais e os voluntários deveriam agir.

Segundo o documento, doenças como tuberculose, hepatite B e C e diarreia provocada por bactérias podem se manter ativas em um corpo durante pelo menos dois dias, enquanto o vírus HIV, causador da Aids, sobrevive por pelo menos seis dias.

Por isso, o guia ensina como realizar o resgate de um corpo, como identificá-lo, mantê-lo e finalmente enterrá-lo, ao mesmo tempo em que alerta como se deve ajudar os familiares a lidarem com aquela morte.

Uma das recomendações é realizar um enterro temporário, caso necessário.
O manual diz também que não se deve utilizar substâncias químicas para tentar "desinfetar" os corpos, pois elas não têm efeito e dificultam ainda mais a identificação.

Segundo o professor Sondorp, há várias razões para que as autoridades prefiram enterrar os cadáveres rapidamente. Uma delas é o cheiro. "Um corpo em decomposição cheira mal, e é psicologicamente desagradável ter cadáveres nessas condições à sua volta. Além disso, você não quer que esses corpos sejam comidos por cães ou por vermes", explicou o especialista.

Outra razão é a tradição. Em religiões como o islamismo e o judaísmo, os mortos são enterrados em 24 horas.

Por fim, a ausência de organizações governamentais ou não governamentais da área de saúde pública no momento da catástrofe, como foi o caso do Haiti, na semana passada, colabora para que se mantenha a recomendação antiga de se enterrar os corpos rapidamente.

Edição e comentários: Washington Luiz / Fonte: BBC

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