Dengue: estamos preparados para enfrentá-la?


Estamos diante de um assunto de interesse coletivo, e se queremos se livrar dessa mazela é necessário o empenho de todos, pois a melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. A prevenção é a única arma contra a doença. Sendo assim para evitar a dengue só tem um jeito não deixar o mosquito nascer. Já que o problema de mosquitos surge com maior intensidade no verão, época de chuvas e calor.

Mediante a abordagem do assunto fui à Superintendência de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes, onde fui recebido pelo superintendente Dr. Charbell Kury.

Entrevista

Dr. Charbell Kury


Blogueiro: Doutor Charbell, a dengue hoje é um dos principais problemas de saúde pública do mundo. Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente, com 20 mil mortes em conseqüência da dengue.

Dr. Charbell: Infelizmente isso acontece porque a dengue é uma doença que afeta mais os países em desenvolvimento e justamente por não acometer os países desenvolvidos não se tem prioridades na busca de sua cura. A dengue, doenças de chagas, febre amarela e malária, essas moléstias são consideradas como doenças negligenciadas.

Como exemplo: podemos citar a “gripe suína”, ela atingiu todos os países, e por causa disso houve uma mobilização desses países que possuem tecnologias mais avançadas na busca de uma solução urgente, e o que se viu foi empenho dos países desenvolvidos que resultou rapidamente na produção da vacina contra gripe.

Assim em relação à dengue podemos constatar que por não se tratar de uma doença que atinge os países ricos a busca por sua cura é um processo bem lento, inclusive as pesquisas para implantação de uma vacina para dengue só deve surtir algum efeito daqui uns três ou quatro anos.

Então hoje a única maneira que nós temos para tentar combater a dengue é eliminando o foco, e não basta só pegarmos uma calha e colocar larvícida seja numa caixa d’água, pneus, etc... o que precisamos realmente é eliminar esses possíveis logradouros, visto que a retirada desses produz maior resultado que o uso do remédio.

Outro dado importante colocado pelo Ministério da Saúde está no fato de que essas epidemias são inevitáveis, devido ao clima propício e a cultura do país. Isso fatalmente faz o risco da contaminação aumentar. O que podemos fazer a curto prazo é diminuirmos a letalidade da dengue disponibilizando uma assistência médica mais acirrada nessa época, com diagnósticos rápidos e inicio do tratamento evitando a morte desse paciente. Através de um plano de contingência, com formação de uma rede de atendimento que começa na saúde básica, a saúde de média complexidade até a de alta complexidade fornecendo todos os insumos materiais e técnicos no sentido que possamos minimizar os riscos de complicações graves principalmente os da dengue hemorrágica.

Blogueiro: Para finalizar Doutor, quais mudanças serão implantadas esse ano de 2010 para evitarmos um surto da doença na região?

Dr Charbell: Washington, esse ano a Secretaria de Saúde mudou a metodologia de trabalho. Antes tínhamos uma centralização das informações entre o Centro de Referência da Dengue, a Epidemiologia e o Centro de Controle de Zoonoses. Esse ano nós unimos os três de uma maneira que hoje nós podemos ter um monitoramento em tempo real. Usando uma nova estratégia chamada Geoprocessamento onde qualquer caso que dê entrada num desses órgãos são repassados automaticamente para um banco de dados, facilitando a intervenção e proporcionando melhor resultado para todos.

No campo de combate ao Aedes Aegypti, estamos implantando o diflubenzuron, esse larvícida tem uma ação eficaz e com maior duração são 60 dias, além de não agredir ao meio ambiente.

E finalmente amigo todas essas medidas são importantes, mas é bom ressaltar que a dengue só será realmente erradicada quando a população também fizer sua parte, fechando suas caixas d’águas, eliminando qualquer lugar que possa servir de criadouro do mosquito, ou mesmo solicitando ao CCZ que verifique algum terreno perto de sua residência. O CCZ disponibiliza o telefone (22) 2732-2755 onde é recebido e averiguado qualquer tipo de denuncia de possíveis focos do mosquito da dengue.

Blogueiro e o Dr. Charbell

Em fim é uma batalha que todos precisam participar, pois não existe uma melhor estratégia que a educação em saúde, onde se cada um fizer sua parte todos se beneficiarão.

Comentários

  1. Realmente esse assunto é muito importante para o bem estar de todos. Houve uma época em que a dengue foi erradicada e ela voltou pela falta de informação.

    Parabéns! Blogueiro pela matéria. Bom trabalho.

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  2. O blog está de parabéns pelo bom trabalho.

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  3. Todos tem que fazer sua parte se quisermos acabar com essa praga.

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  4. Muito interessante esta entrevista e aconselho todas as pessas a estarem lendo este artigo já que é do interesse não só dos profissionais da área de saúde, mas sim de toda a população, já que estas precisam ter a consciencia de eliminar o foco da dengue evitando maiores agravos. E não adianta uma pessoa "trabalhar" sozinha. Precisa ter a ajuda de todos.

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  5. Anda, roda e vira o tema Dengue não sai de moda!

    É impressionante como as pessoas até hoje não se deram conta da gravidade da doença!

    E o pior é que 90% das pessoas que contrarem a dengue, botam culpa nas autoridades, como se esses fossem os culpados pela água acumulada no vaso de planta da casa deles!

    O pior da dengue não é o mosquito, é a ignorância das pessoas!

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