Desafio do balde de gelo impulsionou estudo da esclerose.
Lembra do desafio do balde gelo? Foi uma campanha, que estimulava pessoas a compartilharem vídeos do momento em que jogavam baldes de água gelada em si mesmas, e tinha o objetivo de conseguir doações para a instituições de caridade ligadas a doenças do neurônio motor, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Deu certo! O dinheiro arrecadado com o desafio do balde de gelo no ano passado já começou a gerar resultados promissores em pesquisa, segundo cientistas americanos, como informou uma reportagem da BBC.
Nos Estados Unidos, a ALS Association – que representa pessoas com ELA e outros tipos de doenças do neurônio motor – recebeu US$ 115 milhões (cerca de RS 390 milhões) em doações de agosto a setembro de 2014, quando o desafio esteve no auge.
Eles dizem que os novos resultados – obtidos após testes em ratos – foram possíveis graças a fundos que receberam da ALS Association após o desafio.
"Com sorte, isso pode levar à possibilidade de cura ou pelo menos desacelerar essa terrível doença", disse o autor do estudo Jonathan Ling, em um vídeo explicando a pesquisa no YouTube.
A ALS Association disse que o dinheiro ajudou a triplicar seu gasto com investimento em pesquisa por ano e, há alguns meses, anunciou que concederia US$ 11 milhões em bolsas para pesquisas sobre a doença.
Genoma
O desafio do balde de gelo se espalhou por todo o mundo pelas redes sociais em meados de 2014. Mais de 17 milhões de pessoas postaram seus vídeos no Facebook e no Instagram – incluindo diversas celebridades –, e eles foram assistidos cerca de 440 milhões de vezes.
No Reino Unido, a Motor Neurone Disease (MND) Association arrecadou 7 milhões de libras (cerca de R$ 35 milhões) com a campanha. Dessa quantia, cerca de 5 milhões foram destinados a pesquisas e 1,5 milhão, ao cuidado e apoio aos pacientes.
A participação da Grã-Bretanha no Mine Project, um projeto internacional para analisar o genoma de 15 mil pessoas com doenças do neurônio motor, incluindo cada pessoa do país com o problema, também foi acelerada com fundos do desafio.
Ammar Al-Chalabi, professor de neurologia e doenças genéticas complexas no King's College London, diz que este é "um projeto enorme que vai produzir dados suficientes para encher 10 mil discos rígidos".
O projeto vai permitir que cientistas comparem o genoma de pessoas afetadas pela doença com o das que não sofrem dela, o que pode facilitar o isolamento dos genes que aumentam as chances de alguém desenvolvê-la.
Desafio do Gelo no Brasil
No Brasil, o desafio ajudou a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela) a arrecadar R$ 296 mil entre os dias 14 de agosto e 30 de setembro, enquanto durou a campanha. Desde que o balde de gelo saiu de moda, no entanto, o valor voltou a cair.
"Na época, a arrecadação foi muito além do que esperávamos. Em dois meses, arrecadamos o equivalente ao que conseguíamos no ano. Poucas pessoas se disponibilizam a doar para uma doença pouco conhecida e que ainda não tem cura", disse à BBC Brasil Élica Fernandes, gerente executiva e social da Abrela.
"A Abrela se especializa no apoio a pacientes e famílias. Pretendemos fazer uma nova campanha e arrecadarmos mais fundos para podermos ter uma sede e colocar em prática os projetos que temos."
Cerca de 20% deste valor foi destinado a custear a participação de dez pacientes brasileiros no Mine Project, através do Instituto Paulo Gontijo, especializado em pesquisas sobre a doença. O resto do dinheiro está guardado para futuros projetos.
Fonte: BBC e Bem Estar/G1
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