Renúncia de Graça Foster é considerada pelo NYT um ponto baixo para Dilma.


Renúncia de Graça Foster, presidente da Petrobras, e de outros cinco diretores da estatal, anunciada nesta quarta-feira (4), através de um comunicado da estatal,  foi uma surpresa para alguns integrantes do primeiro escalão do Governo, e virou destaque na imprensa internacional. Um dos principais jornais dos EUA, o "New York Times", ressaltou a saia-justa em que a presidente Dilma Rousseff ficou após a saída de Graça Foster e também lembrou dos escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras.

"A investigação do esquema [na Petrobras] já envolveu prisões de altos executivos em algumas das maiores empresas de construção do Brasil, um desenvolvimento muito incomum em um país onde figuras empresariais poderosas raramente passam um tempo na cadeia", publicou o jornal.

Para o New York Times, o momento reflete um ponto baixo na trajetória de Dilma Rousseff, com integrantes do PT dizendo que a presidente demorou demais para fazer as mudanças na petroleira, após uma "amarga eleição" em 2014. Já o jornal francês "Le Monde" afirma que os problemas da Petrobras podem ameaçar a economia de todo o Brasil, ressaltando o peso da estatal entre as maiores empresas do país e do mundo.

Segundo o Le Monde, os analistas mais otimistas afirmam que a estatal é "grande demais para falir" ("Too big to fail"), enquanto outros apontam o risco de um desmantelamento ou de uma privatização parcial.

A revista "The Economist" e o "Financial Times" ressaltaram a dificuldade em escolher o sucessor de Graça Foster. "Seu sucessor vai encontrar um mar de dificuldades", afirma a revista. "Atacar os problemas requer extremo talento. Mesmo assim, a tarefa mais importante para o novo chefe da Petrobras é resistir à interferência do Estado".


Já o Financial Times diz que "analistas e advogados se perguntam quem iria querer o trabalho, não só pela situação calamitosa enfrentada pela estatal petroleira, mas também pelas responsabilidades legais que um novo chefe poderia enfrentar com as mal definidas leis sobre corrupção no Brasil e com as leis nos Estados Unidos".

A SEC (Securities Exchange Comission), órgão regulatório do mercado financeiro nos Estados Unidos, está investigando os casos de corrupção na Petrobras. Além de também evocar os tempos difíceis da Petrobras, o "El País" foi mais generoso e fez um perfil da ex-presidente da estatal. "Sua infância foi dura: a mudança de Minas Gerais ao Rio de Janeiro aos dois anos, violência familiar, o crescimento em uma complicada favela no norte do Rio de Janeiro, onde recolhia papelão e latas para ajudar na economia de casa. Estudou engenharia química em Niterói e, mal terminou, foi estagiária na Petrobras. Seu forte temperamento conquistou o respeito dos colegas".

Após uma trajetória de mais de três décadas trabalhando para a Petrobras, Graça Foster se retira em meio a Operação Lava Jato, desvalorização das ações e imagem abalada da estatal.

   

Com informações do Exame

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