Gerardo Pollicita, é o novo promotor responsável pela investigação do atentado contra a
associação mutual judaica AMIA, que ocorreu em 1994 e deixou 85 mortos e 300 feridos. Segundo o
jornal “Clarín”, ele deu entrada em uma acusação contra a presidente
Cristina Kirchner nesta sexta-feira (13).
Pollicita assumiu o caso – que será julgado pelo juiz Daniel Rafecas – após a morte do
promotor Alberto Nisman, que investigava o atentado e também denunciou, além da
presidente da Argentina, o
ministro das relações exteriores, Héctor Timerman, o militante Luis D'Elia e o deputado Andrés Larroque, de tentar atrapalhar as investigações sobre o atentado.
Nisman foi encontrado morto em seu apartamento na véspera de seu testemunho no Congresso sobre as denúncias feitas contra o
governo Kirchner.
O texto da acusação, divulgado pela promotoria, fala em "delitos de acobertamento por favorecimento pessoal agravado, impedimento do ato funcional e descumprimento dos deveres de funcionário público". Em sua resolução, Pollicita afirma, segundo o Clarín, que deve ser iniciada uma investigação para verificar se houve de fato o encobrimento dos iranianos e se isso pode ser atribuído penalmente aos acusados. Cristina Kirchner poderá ser intimada a prestar depoimento, presencial ou por escrito, se o juiz que conduz o caso, Daniel Rafecas, assim decidir.
Segundo o promotor, em troca de acordos comerciais, o governo teria buscado um acordo com o Irã para que os suspeitos pelo atentado escapassem da Justiça. De acordo com o “Clarín”, a decisão do novo promotor responsável pelo caso oficializa o fato de ele está convencido de que a exposição de
Nisman foi feita com base em informações e provas sólidas – por isso acredita que a presidente e os outros suspeitos devem ser investigados.
Na noite de quinta-feira (12), o governo adiantou que apresentará nesta sexta uma queixa por escrito contra a denúncia de Nisman. “Não existe prova alguma, nem sequer de caráter ‘circunstancial’, que demonstra a existência de condutas atribuíveis à presidente da Nação oua funcionários do governo nacional que podem se enquadrar em ‘atos criminosos’”, diz o texto, adiantado pelo “Clarín”. Pollicita não pensa o mesmo – por isso decidiu investigar a presidente. De acordo com o jornal, ele vai solicitar ao juiz Rafecas que sejam tomadas ações para recolher documentos em órgãos públicos que poderiam estar ligados ao suposto pacto entre Argentina e Irã firmado no caso AMIA.
No próximo dia 18, os promotores da Argentina vão fazer uma “marcha do silencio”, em homenagem a Nisman, e já criticada duramente pela presidenta.