Leci Brandão lamenta patrocínio de ditadura na Beija-Flor.
O enredo patrocinado da Beija-Flor este ano, sobre a Guiné Equatorial, vem causando polêmica e dividindo opiniões. Tudo por conta do presidente do país africano, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, um ditador que comanda a nação com mão de ferro há 35 anos.
A sambista e deputada estadual de São Paulo, Leci Brandão, com histórico de militância no movimento negro, vê com bons olhos o enredo afro, mas lamenta a origem do dinheiro.
"As escolas podem ser patrocinadas, mas não precisa ser por uma ditadura", disse Leci ao Portal da Band nesse sábado, no Anhembi, segundo dia de desfiles de São Paulo.
Segundo o jornal "O Globo", o presidente da Guiné Equatorial repassou R$ 10 milhões para a escola realizar o Carnaval - festa que ele já conhece e frequenta há algum tempo.
"Eu não posso concordar. Sou uma parlamentar de um partido comunista (PC do B) e não posso ser a favor de uma ditadura. É uma questão de consciência. Tenho muitos amigos que sofreram com a ditadura no Brasil, e eu mesma já tive músicas censuradas", lembra a sambista, que enaltece a escola de Nilópolis.
"Gosto muito da Beija-Flor. É uma escola que coloca a comunidade na avenida, a mais negra agremiação, mais do que a Mangueira", diz Leci, mangueirense.
Equilíbrio
Em São Paulo, Leci vibra com a pouca diferença entre as escolas, sobretudo neste ano.
"Está muito equilibrado. Ninguém sabe quem vai ganhar esse Carnaval. As escolas evoluíram muito e estão se preocupando com todos os quesitos", disse Leci, que pede que os preços dos ingressos no Anhembi sejam diminuídos.
"Tem que colocar um preço condizente com o povo que gosta de samba. Aí isso aqui vai lotar", concluiu.