Último debate na TV teve mais propostas e menos bate-boca.

Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) participaram na noite desta sexta-feira (24) na TV Globo do último debate antes do segundo turno da eleição. Além das perguntas entre si, os candidatos responderam a questões do dia a dia formuladas por eleitores indecisos. Nas respostas, ambos mantiveram a troca de acusações e ironias de outros debates.

Foram quatro blocos: o primeiro e o terceiro tiveram perguntas entre os candidatos; no segundo e no quarto, Dilma e Aécio responderam a questões de eleitores indecisos selecionados pelo instituto de pesquisa Ibope, que estavam no auditório e foram escolhidos por sorteio pelo mediador William Bonner. No quarto bloco, os candidatos também fizeram as considerações finais.

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Aécio Neves abriu a rodada de perguntas citando acusações feitas a atual presidente e ao ex-governante Luiz Inácio Lula em matéria que estampa capa da revista Veja. O tucano não mediu esforços para as críticas e chamou a campanha da adversária de a "mais sórdida" das campanhas eleitorais.

Dilma Rousseff rebateu a matéria da revista afirmando que "o povo não é bobo" e que a informação está sendo manipulada pelo veículo. "Nós sabemos pra quem fazem campanha essas duas revistas", emendou a candidata petista. Se dirigindo diretamente à publicação, Dilma foi enfática ao dizer que a tiragem "não apresenta prova nenhuma do que faz".

Seguindo com a guerra inicial de alfinetadas, depois de citar reportagem da Veja, Aécio falou que governo petista "espantou investimentos externos" e fracassou em diversos sentidos, como de indicadores sociais, por exemplo. O tucano continuou com o despejo de ataques contra a administração petista e, numa abordagem direta, disse à adversária: "a senhora será a primeira presidente da república a deixar o país, depois do Plano Real, com a inflação maior do que quando recebeu".

Surpreendentemente, os blocos intercalados serviram para acalmar os ânimos dos candidatos e garantiram ao telespectador ouvir ações propositivas dos postulantes. Com isso, temas como: infraestrutura, programas sociais, inflação, combate à corrupção, educação e outros, puderam ser abordados amplamente. Raras foram as vezes em que a platéia precisou ser contida e o jornalista que atuou como mediador, William Bonnner, foi mais "generoso" ao permitir que candidatos finalizassem raciocínio, mesmo com o tempo de fala estourado. Dilma, aliás, foi a campeã em ultrapassar o tempo limite. Aécio foi mais correto neste ponto.

Com perguntas pré-formuladas, a participação dos eleitores indecisos enriqueceu a discussão entre os candidatos. Com isso, alguns temas como violência, programas direcionados para aposentados, qualificação do emprego e moradia puderam ser abordados. Sobre o INSS, inclusive, Aécio disse que fator previdenciário será revisto, caso ele seja eleito. Na réplica, a petista lembrou ao senador que tal fator foi criado no governo do PSDB e disse que, se reeleita, discutirá soluções com centrais sindicais. Voltando ao senador, o tucano prometeu criar "rede de proteção para os aposentados" e mais casas de cuidados para idosos.

O tema falta d'água em São Paulo foi um dos pontos sensíveis em que os candidatos voltaram a se estranhar. A candidata do PT atribuiu ao governo tucano o problema e caracterizou como calamitosa a situação dos paulistas. "Não planejar no estado mais rico do país é uma vergonha", completou a presidenta. Para Aécio, houve sim falha de planejamento em abastecimento em água e senador jogou a culpa no governo federal.

Em outro assunto considerado fundamental e exaustivamente citado nas campanhas dos postulantes, Dilma e Aécio voltaram a divergir sobre a necessidade de uma reforma política. Aécio defendeu uma de suas bandeiras que é o mandato de cinco anos, sem reeleição. Já a petista disse que a questão da reforma política não é a reeleição, e sim o financiamento empresarial das campanhas, ao qual a candidata chamou de "vergonha". Dilma defendeu também o fim da coligação na eleição proporcional e pontuou: "Acho que o senhor não tem interesse na reforma política", voltando-se para Aécio Neves.

Perguntada pela TV japonesa se o Brasil terá seus investimentos em infraestrutura pronta a tempo para as olimpíadas, a presidenta afirmou que "sim, nós teremos". "Assim como na Copa tivemos que assegurar infraestrutura em 12 cidades sem problemas, nós faremos nas olimpíadas. O COI já considerou que estamos em dia." Ela disse ainda ter fé para que o povo brasileiro não queira o retrocesso mas o avanço.

Já o candidato tucano disse aos jornalistas na coletiva de imprensa que "travou um bom combate" nestas eleições, numa referência bíblica, e afirmou chegar ao final da campanha "leve", com a oportunidade de "mobilizar o Brasil para um grande movimento para melhorar a qualidade de vida do brasileiros".

O tucano chamou de vândalos e repudiou o ataque ao prédio da Veja. Segundo ele, é preciso prezar pela liberdade de imprensa e disse que é o tipo de ato que merece "o repudio de todos os brasileiros".

Ele também afirmou à TV publica chinesa que uma de suas primeiras viagens ao exterior, se eleito, será a China. Ele afirmou ainda que valorizará as parcerias com o país.

O tucano prometeu também demitir "de imediato toda a diretoria da Petrobras", o que será, para ele, uma medida "moralizadora da estatal, bem como (fará o mesmo) nas outras estatais".

A um repórter angolano, afirmou que as parcerias com países da África serão estimuladas e que a Angola, principalmente, está no "radar" de sua política externa.

Aécio disse lamentar que "este ciclo de governo do PT venha a ser lembrado na história como o ciclo de corrupção" e reclamou do que, segundo ele, é a eleição marcada por mentiras e pelo baixo nível na disputa, que creditou ser culpa da campanha adversária.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, negou que a falta d'água no estado prejudique a eleição de Aécio Neves. Para ele, Dilma foi infeliz ao utilizar o problema, "pois atinge todo o país" e não só o estado. Para ele, o problema de abastecimento em São Paulo "pegou mal" para a candidata petista.

Já na opinião do tucano José Serra, senador eleito por São Paulo, Aécio, seu companheiro de partido, saiu vencedor do debate e ganhará votos. "Ele mostrou que está mais preparado para governar o país", disse. Ele afirmou que o clima na campanha é de "trabalho, trabalho, trabalho" até o dia da eleição.

Com informações da TV Globo e 'O Dia'.

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