Claudia foi colocada na mala porque haviam armas no banco traseiro, diz advogado de PM.

Rio de Janeiro: Um dos policiais que estava na viatura que arrastou o corpo da auxiliar de serviços gerais Claudia da Silva Ferreira, por cerca de 350 metros, no último domingo, 16, disse em depoimento na  2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) que a vítima foi colocada no porta-malas, de onde acabou caindo e ficando presa no pino do reboque, porque o banco traseiro da Blazer estava ocupado. 

Segundo o relato do advogado Jorge Carneiro, que representa o subtenente da Polícia Militar Rodney Miguel Arcanjo, disse nesta quarta-feira, 19, que seu cliente colocou Claudia da Silva Ferreira no porta-malas do carro porque o banco traseiro estava ocupado com fuzis e coletes à prova de bala. Juntamente com o subtenente Adir Serrano Machado e o sargento Alex Sandro da Silva Alves, Arcanjo foi preso, acusado de colocar a mulher baleada no porta-malas e arrastá-la quando ele se abriu. 


"Os fuzis dos PMs e os coletes de balística estavam no banco traseiro. Eles não podiam, naquela pressa, colocar a moça em cima dos fuzis. Naquela hora, fazer o transporte do fuzil para a mala era perder tempo. E é um risco ficar mexendo com fuzil no meio da comunidade, com um monte de gente em volta", disse o advogado.

Ainda de acordo com Carneiro, as pessoas da comunidade forçaram para entrar na viatura. "As pessoas da comunidade ficavam forçando para entrar na viatura, a fim de ir junto com ela para o hospital. A viatura não podia carregar ninguém. Eles estavam no afã de salvar a dona Claudia. Eles queriam sair dali o mais rápido possível para levá-la para o hospital. Eles baixaram a tampa e pensaram: 'está fechada'. Só que no meio do caminho, com a sirene ligada, não deu para perceber que a tampa abriu"

Pelas normas da Polícia Militar, Claudia deveria ter sido levada no banco. Baleada no Morro da Congonha, em Madureira, na Zona Norte do Rio, ela chegou morta ao Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. De acordo com o subtenente da PMERJsubtenente Adir Serrano Machado, a porta da mala estava fechada e os foram os moradores, revoltados, que “batiam nas portas e batiam na maçaneta da porta onde se encontrava a vítima”. Já o sargento Alex Sandro da Silva Alves também afirmou que “pessoas tentavam abrir a porta traseira da viatura” na saída da favela.


Mas segundo informações do jornal "Extra", Thaís da Silva, de 18 anos, uma das filhas de Claudia, afirma que conseguiu ver, com clareza, o braço de sua mãe sair pela mala aberta de uma viatura da PM. Já na Rua Buriti, segundo a menina, os policiais pararam a viatura, ajeitaram o corpo de Claudia e fecharam a mala. Minutos depois, o corpo foi arrastado pela Estrada Intendente Magalhães, como mostrou o vídeo (aqui). "A mala saiu daqui aberta. Eles jogaram minha mãe lá dentro e correram para dentro do carro," contou Thaís.

O advogado do subtenente da Polícia Militar Rodney Miguel Archanjo — um dos três presos pela morte de Claudia Silva Ferreira no Morro da Congonha, em Madureira, no Subúrbio do Rio — afirmou ao G1, na manhã desta quarta-feira (19), que a auxiliar de serviços gerais estava viva quando foi colocada no porta-malas do carro da polícia, após ser baleada na comunidade. A afirmação vai ao encontro do que disseram familiares da vítima. No caminho para o hospital, o porta-malas abriu, ela ficou presa por um pedaço de roupa ao carro, e teve parte do corpo dilacerada ao ser arrastada pelo asfalto.

Cláudia tinha 38 anos, era mãe de quatro filhos e criava quatro sobrinhos. O corpo da auxiliar de serviços gerais foi enterrado no Cemitério de Irajá. 

Momento Verdadeiro | Fontes: Agência Brasil, G1 e Extra.

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