Após a morte de "Daleste", MCs pedem reconhecimento do funk em SP.
(Reprodução/Facebook) |
São Paulo (Agência Brasil) - Após a morte do funkeiro Daniel Pellegrini, o MC Daleste, assassinado com dois tiros no último dia 6 durante uma apresentação em Campinas (SP), um grupo de pessoas promoveu uma caminhada pelas ruas do centro de São Paulo pedindo paz e o reconhecimento do funk como atividade cultural em todo o país. Vários MCs, entre eles MC Pet, irmão de Daleste, participaram da caminhada e foram bastante fotografados e saudados pelos manifestantes. A Polícia Militar estimou a presença entre 150 e 200 manifestantes, enquanto os organizadores falaram em cerca de 500 pessoas.
A principal reivindicação da Marcha do Funk pela Paz quer que as autoridades municipais de todo o país recebam e aprovem o projeto Território Funk, que pretende regulamentar os shows de funk, e o reconhecimento como expressão cultural brasileira. Segundo o presidente da Liga do Funk, Marcelo Galático, a ideia é se reunir em breve com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, para apresentar o projeto.
“Esta manifestação é para que a gente consiga que os governadores do nosso país olhem e enxerguem o que está acontecendo. O que aconteceu com o MC Daleste foi só a gota d’água. Já perdemos outros MCs e isso não pode acontecer mais. Temos um projeto que evitaria esse tipo de problema que aconteceu com o Daleste. Hoje não conseguimos organizar um evento na comunidade sem que aconteça o que ocorreu com o Daleste”, disse o presidente da liga.
“O projeto Território Funk já começa com os pancadões nas comunidades. Esses pancadões aconteceriam com estrutura total. Onde o Daleste tomou tiro, não tinha ambulância, para começar. Não tinha segurança no local. Não tinha banheiro químico. Quem autorizou o evento? Tem que acontecer toda essa questão burocrática para o evento acontecer como qualquer outro evento em todo o país”, disse Thelles Henrique, do movimento funk e um dos diretores da Liga do Funk.
(Foto:reprodução/Facebook do MC Daleste) |
Segundo Henrique, com a aprovação do projeto que eles pretendem apresentar às autoridades, o funk passaria a apresentar uma estrutura. “O projeto se desdobra. Além dos pancadões, teriam também oficinas de qualificação para MCs, DJs e produtores, e a questão da mulher no funk. Tem também a carteirinha do funk, que daria descontos aos funkeiros e o incentivaria a conhecer outros lados da cultura nacional como o teatro e o cinema”, disse.
A caminhada começou por volta das 17h20, saindo do Vale do Anhangabaú, passando pelo Theatro Municipal e pelo Viaduto do Chá, onde está localizada a sede da prefeitura paulista. Na frente da prefeitura, os manifestantes fizeram um pequeno ato para pedir uma reunião com o prefeito Fernando Haddad para entregar o projeto Território Funk.
Depois do ato em frente à prefeitura, os manifestantes seguiram pela Rua Libero Badaró, ao lado da prefeitura, e chegaram à sede da Secretaria de Segurança Pública, onde sentaram no chão em frente ao prédio, fizeram um minuto de silêncio e rezaram um Pai Nosso em memória a MC Daleste. O grupo cobrou a apuração das cinco mortes recentes de MCs (MC Primo, MC Careca, MC Dda do Marapé, Felipe Boladão e DJ Felipe) e o fim da criminalização do funk pelos policiais. “Queremos paz, justiça e igualdade”, gritaram os manifestantes. “Com cinco mortes, em três anos, não temos um preso sequer pagando por isso”, disse Galático, que cobrou a apuração das mortes dos MCs.
A manifestação terminou por volta das 18h20, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, local onde os manifestantes disseram que “pobre não tem lugar”. “O funk quer respostas do Poder Público, a apuração das mortes e viver em paz nas quebradas”, disseram. O ato foi pacífico e, durante todo o trajeto, eles cantaram diversas músicas do movimento funk, entre elas, algumas de MC Daleste.