Livro: Soldado tinha "conchavo" e vendia drogas dentro do quartel.


Capítulo 6 - O Mundo gira, estamos aproximando o findar de mais um ano marcado com muitas alegrias, tristezas e as reminiscências já  enchem de esperanças nosso espírito, e  podemos olhar 1994 como ano das realizações.

Sim, o Líder Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul, surgiu a União Aduaneira, o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai firmaram acordo para criação do Mercosul, ganhamos a Copa do Mundo e todos ficaram motivados com a implantação do Real.

Nilson conquistou seu espaço, retornou glorioso para sua Unidade de origem, e estava preste a entrar de férias, sua primeira, faltava poucos dias, seu reencontro com Sérgio seu amigão foi coroado.

Nilson falou:

- Tudo bem, como você está passando cara?
-   Legal, tenho curtido uma onda maneira sabe, aqui no Quartel formei com alguns parceiros e trago um negocinho pra vender, ganhei uma pistola 45 e na favela tô no maior conceito sacou?
-   Que parada é essa Sérgio?
-   Não entra no meu caminho, considero você como um irmão, sabe que daria tudo para vê-lo feliz, além do mais fica tranqüilo a grana é boa e tenho a proteção de muitos Oficiais, gente grande, tá dominado.
-   Você sabe que faz, apenas me preocupo.

  As coisas tomavam um rumo desagradável, Nilson sabia que essa situação ambígua era muito perigosa, mas não tinha opção, aderia junto com Sérgio ou afastava-se dele.

  Sérgio que tinha o brilho do Mundo ofuscando sua visão, com dinheiro.

Chamou Nilson:

-   Hoje haverá uma festa maneira na casa do Dinho, e depois já que estou com a Uno 1.5R do tenente Jáques, poderemos dar um pulo no baile funk do Batelão já é?
-   Valeu, primeiro vou ao shopping comprar um bermudão da K&K e uma camisa da Hang Loose, para colocar com Mizuno que o Kaká trouxe dos Estados Unidos, original tá ligado custou R$ 250,00 e vou pagar em 3 vezes.
-   Está dependendo de alguma grana mano?
-   Não.
-   Qualquer coisa é só falar.

  Essa prepotência de Sérgio, fazia Nilson uma ovelha nas garras afiadas desse lobo, que ludibria e mata a juventude com  brilho do consumismo.
Foram á festa, chegando lá...

-   Qual é Nilson, vai beber alguma coisa tem, Contini, Vinho, Cerveja se liga  é SKOL.
-   Sérgio trouxe á paradinha ?
-   Claro Dinho.
-   Cadê as gatinhas?
-   Acabaram de chegar.
-   Vou apresentá-las ao Nilson.
-   Nilson chega aí?
-   Essas são, Valesca, Catarina, Beatriz, Kelly, Sabrina e Mérilândia. E falou baixo ao pé do ouvido de Nilson é só escolher malandro...
-   Muito prazer meninas.

   Logo começou aquela farra, Nilson não era mais aquele tímido da adolescência, e aproveitou, chamou Kelly num canto e tascou-lhe um beijo de língua e  partiu para carícias, ela morena com 1.64m, cabelos pretos, olhos castanhos claros, lábios doce como mel, usava um vestido branco que realçava com sua pele bronzeada, além da fragrância de alma de flores  que saia de seus poros a essa altura suada pois era uma bela noite de verão.
  Todos divertiam-se muito até que, essa deusa teve a idéia de atiçar.

- Qual é vamos para o baile?
-   Quem vai?
-   Dinho gritou: mãe vou pegar o carro do Coroa.
-   Cuidado menino.

  Pronto, saíram, um bando de jovens desajuizados, completamente alucinados e como pode-se imaginar boa coisa não iriam fazer.
  Eram cinco carros, no percurso inventaram de fazer pega, trocaram garrafas de bebidas, é fizeram maior baderna pela Av. Brasil, até que Guilherme, o mais abusado, ruivo, cheio de pintinhas cinzentas de estatura baixa e rusguento, meteu o pé no acelerador e correu tanto que Nilson ao olhar o marcador de velocidade de seu veículo percebeu que ultrapassava os 160km/h, e reduziu bruscamente pois tinha visto o carro de Guilherme rodar na pista nas proximidades da curva do sabão.

Sérgio gritou:

-   Caramba! O cara tá ferrado.
-   Vai Nilson temos que socorre-los?
-   Estou indo, bem que avisei que esse negócio de correr não era seguro.

  Pararam e graças ao bom Deus, além do prejuízo material ninguém se machucou.
  Guilherme meio tonto, olhou para o carro que encontrava-se totalmente destruído e num tom sarcástico disse:

-   Alguém tem um martinizinho aí?
-   Sérgio e Nilson falaram simultaneamente, vamos ao HCE ( Hospital Central do Exército).

  Algumas garotas desesperadas choravam ao ver o sangue descer como cachoeira da testa do Guilherme, que continuava pedir cachaça.
  Com muito custo conseguiram convencer ao Guilherme, que só aceitou ir á emergência do HCE, mediante um gole de Martini e depois iriam para o baile pois a noite era uma criança.
  No hospital  logo após preencher ficha, fizeram a assepsia e sutura, foi liberado e resolveram partir para o baile, pois ainda eram 2h30m e pretendiam curtir, até amanhecer o dia.
  Já não basta-se aquele acidente, ao chegarem no baile foram confundidos com rivais e começou uma nova confusão, porém Sérgio que estava afastado, vinha namorando Sabrina, e quando aproximou-se foi reconhecido pelo dono da boca de fumo.

Que saudou-o dizendo:

-   Qual é meu irmãozinho , tranqüilidade absoluta?
-   Fala, mano Bira.

  Abraçaram-se e trocaram apertos de mão, e Bira perguntou:

 - como vai o mano Tonhão?
-   Tranqüilo, viemos aqui curte o baile do morrão.
-   Essa moçada está contigo?
-   Sim, inclusive esse é meu irmão Nilson.
-   Então desculpa-nos o mal trato, sabe como é o baile tá cheio e temos muitos X9 na parada.
Bira avisou ao seu gerente Roger: 

- Dê um tratamento vip aos meus convidados.

  Quem diria amigos, de Alemães (rivais), converteram-se em Peixes do Homem.

  Passado esses momentos, Nilson voltava aos poucos envolver-se com á criminalidade e colocará em segundo plano seu trabalho, dedicando-se junto com Sérgio cada vez mais ao trafico de drogas.

  Viciou-se, vivia em festas na favela, e no Quartel os amigos, imaginavam que Sérgio sem querer, torná-lo-ia num posso de arrogância.

  Apesar de todos os esforços daqueles que consideravam-no, continuava cada vez mais afundado nesta areia movediça, que com certeza é a vida do traficante.

  Por fim, estava tudo acontecendo tão rápido, que uma simples festa, na casa de um amigo havia mudado toda trilha planejada por Nilson, todavia as palavras de sua mãe ecoavam em seus ouvidos ressoando na voz do Salmista que em sua aflição  dizia:
“Levantam os rios, ó Senhor;
Levantam os rios o seu bramido;
Mas o senhor nas alturas é
mais poderoso do que o bramido das grandes águas;
do que os poderosos vagalhões do mar.”

Salmos 93

   Sendo  a  esperança; a segunda  das três virtudes teologais, permanece...

Autor: Washington Luiz.

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